As investigações que motivaram a deflagração da Operação Sepulcro Caiado, na quarta-feira (30.07), podem revelar apenas a ponta de um esquema muito maior. Até o momento, apenas 17 casos foram formalmente apurados, mas a Polícia Civil já investiga pelo menos outros 10 episódios semelhantes. Há fortes indícios de que o grupo criminoso — formado por advogados, familiares e um servidor do Judiciário — opera em larga escala e segue ativo.
Um dos principais focos está na movimentação bancária incompatível da conta de Márcia Ferreira Costa, esposa do servidor do Tribunal de Justiça de Mato Grosso (TJMT), Mauro Ferreira Filho. Entre outubro de 2021 e setembro de 2022, Márcia movimentou quase R$ 1,8 milhão — um valor considerado atípico pela Polícia. Ela faleceu em maio de 2023.
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O prejuízo já identificado à época ultrapassa R$ 11,7 milhões, mas, segundo os autos, esse montante representa apenas uma fração do dano real ao erário. Além dessa movimentação suspeita, novas transações irregulares foram detectadas pela própria Presidência do TJMT. O presidente do Tribunal, desembargador José Zuquim Nogueira, encaminhou ofício à Polícia Civil relatando indícios de prejuízo adicional superior a R$ 10 milhões, o que motivou a abertura de uma auditoria interna.
Mauro Ferreira Filho é apontado como peça-chave do esquema por atuar dentro do TJMT na liberação antecipada ou irregular de alvarás, beneficiando ações judiciais falsas protocoladas por integrantes do grupo criminoso. Conforme ofício anexado à investigação e enviado ao Banco do Brasil, todas as guias com inconsistências foram encaminhadas diretamente pelo servidor à instituição bancária.
A Polícia Civil destaca que se trata de um crime de natureza permanente, como lavagem de dinheiro, o que justifica as medidas cautelares adotadas até agora. A atualidade do esquema também é confirmada pelos depoimentos prestados entre junho e julho deste ano. O inquérito foi instaurado formalmente em 17 de junho, a partir do boletim de ocorrência registrado por uma das vítimas.
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