O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) negou, durante interrogatório nesta terça-feira (10), no Supremo Tribunal Federal (STF), ter discutido ou recebido qualquer proposta envolvendo assassinato de autoridades. Questionado diretamente se alguém teria apresentado esse tipo de plano, foi enfático:
“Não. Em nenhuma oportunidade alguém me propôs isso. Se tivesse proposto, seria rechaçado e eu tomaria providências de imediato.”
A declaração foi dada no âmbito da investigação sobre tentativa de golpe de Estado para mantê-lo no poder após a derrota nas eleições de 2022. A Polícia Federal investiga um plano que teria sido articulado por militares ligados ao governo Bolsonaro, com o objetivo de matar o presidente Lula (PT), o vice Geraldo Alckmin (PSB) e o ministro do STF Alexandre de Moraes.
Bolsonaro também voltou a se defender das acusações de tentativa de golpe de Estado para se manter no poder após a derrota nas eleições de 2022. Disse que nunca recebeu ordem de prisão do então comandante do Exército, general Freire Gomes, versão que contradiz o depoimento do ex-comandante da Aeronáutica Carlos Baptista Júnior ao STF.
“O que foi falado pelo Baptista Júnior não procede. No meu entender, houve exagero por parte do brigadeiro.”
Afirmou ainda que não torceu pelo caos durante os protestos antidemocráticos e que, ao contrário, trabalhou para conter manifestações: “Desmobilizei os caminhoneiros. Talvez, pela minha figura, o pessoal não fez absurdo. Agora, tem sempre os malucos com ideia de AI-5 e intervenção militar. As Forças Armadas jamais embarcariam nessa.”
Críticas a Barroso e mea-culpa por ataques ao STF
Bolsonaro também atacou o ministro Luís Roberto Barroso, do STF, dizendo que há um “conflito pessoal” entre os dois.
“Ele foi advogado do Cesare Battisti. Trabalhou para que ele permanecesse no Brasil, e eu, como parlamentar, trabalhei para que fosse extraditado. Ao sair de uma reunião da UNE, disse: ‘Derrotamos o bolsonarismo’. Parece que ele marcou e não me esquece.”
Durante a audiência, o ex-presidente pediu desculpas por ataques sem provas a ministros do Supremo: “Carreguei muito no linguajar, mas estou tentando melhorar. Peço desculpas se ofendi alguém.”
Braga Netto e a reunião de 5 de julho
Bolsonaro também isentou o general Braga Netto (também réu no processo) de qualquer ligação com os acampamentos em frente a quartéis. Questionado pelo procurador Paulo Gonet sobre a presença de Braga Netto em uma reunião ministerial em 05 de julho de 2022, mesmo sem exercer cargo público, Bolsonaro alegou não lembrar. Moraes retrucou de imediato: “Ele estava ao seu lado.” A reunião foi registrada em vídeo.
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