O sistema de espionagem FirstMile, supostamente utilizado durante o governo do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) em um esquema ilegal de monitoramento na Agência Brasileira de Inteligência (Abin), ficou conhecido como “Abin Paralela” e acionado em 2020 para tentar obter dados de um celular vinculado a uma pessoa suspeita de extorquir o desembargador Carlos Alberto Alves da Rocha, então presidente do Tribunal de Justiça de Mato Grosso (TJMT).
Segundo o documento, conversas anexadas aos autos revelam que o ex-diretor da Abin, delegado Carlos Afonso Gonçalves Gomes Coelho, utilizou pessoalmente a ferramenta a pedido de um contato identificado como “Diogo da SEMT”.
Em mensagem de WhatsApp datada de 09 de abril de 2020, “Diogo da SEMT” solicita que Carlos Afonso tente obter os dados de um número telefônico supostamente vinculado à tentativa de extorsão contra o chefe do Judiciário mato-grossense.
A troca de mensagens mostra que Carlos Afonso chegou a acionar um colega, identificado como Pasiani, para auxiliar no rastreamento do número, que terminava em “08”. No entanto, a tentativa fracassou, pois o dispositivo estava “offline”. Ele especulou que, apesar de o número estar correto, o aparelho poderia estar conectado a uma rede Wi-Fi, o que impediria a geolocalização por meio do FirstMile. Ao fim da conversa, os envolvidos lamentam não terem conseguido identificar o celular.
Lembrando que o relatório final das investigações do caso “Abin Paralela” resultou no indiciamento de cerca de 30 investigados pela Polícia Federal (PF), entre eles o filho do ex-presidente, vereador Carlos Bolsonaro (PL-RJ), e o ex-diretor-geral da Abin e atual deputado federal Alexandre Ramagem (PL-RJ).
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