À frente da Corregedoria-Geral do Poder Judiciário de Mato Grosso (CGPJ/MT), o desembargador José Luiz Lindote conduz uma gestão pautada pela busca constante por eficiência, transparência e qualidade na prestação dos serviços judiciais e extrajudiciais. Com atuação firme na fiscalização, orientação e controle funcional, sua gestão se destaca pelo acompanhamento próximo das unidades, pela incorporação intensiva de tecnologias e pela adoção de estratégias voltadas ao cumprimento das metas do Conselho Nacional de Justiça (CNJ).
Entre os avanços concretos, estão o modelo híbrido de correições, a criação do Núcleo de Atuação Estratégica (NAE) e o uso cotidiano de painéis de Business Intelligence (BI) como instrumento de gestão. A aproximação com magistrados e servidores também tem sido uma marca de sua atuação, reforçando uma postura pedagógica e preventiva, sem abdicar do rigor nos casos que exigem apuração disciplinar.
Com uma visão moderna e acessível do Judiciário, Lindote aposta na simplicidade e na efetividade como pilares de um legado transformador, acreditando que a boa prestação jurisdicional não depende somente do controle, mas também da valorização de quem faz a Justiça acontecer diariamente. Nesta entrevista ao , ele compartilha os principais avanços, desafios e diretrizes que têm orientado sua atuação à frente da Corregedoria. Confira abaixo matéria completa.
VGN - Desembargador, desde que assumiu a Corregedoria-Geral da Justiça, quais foram as principais ações e medidas implementadas para aprimorar a atividade correicional no Estado?
Corregedor-geral — As principais ações compreendem a orientação efetiva — coletiva e, quando necessário, individual — prestada de forma contínua a magistrados e servidores, bem como a utilização de ferramentas tecnológicas voltadas à gestão e ao controle dos processos, para auxiliar as unidades jurisdicionais na alocação estratégica da força de trabalho, visando à redução do tempo de tramitação dos feitos, sem comprometer a qualidade da prestação jurisdicional, garantindo-se, assim, maior eficiência e transparência.
Além disso, estão sendo realizadas correições ordinárias e extraordinárias, iniciadas em janeiro do corrente ano, com objetivo de alcançar 100% das unidades até o final de 2025. As inspeções ocorrem de forma híbrida, sendo os processos previamente correicionados virtualmente, em tempo real, semanas antes da vistoria presencial. Em seguida, uma equipe se desloca fisicamente até a unidade para certificar a veracidade dos dados coletados e verificar outras situações que exijam constatação presencialmente.
VGN - Existe uma diretriz ou prioridade definida para sua gestão à frente da Corregedoria? Quais áreas o senhor considera mais sensíveis que exigem maior atenção?
Corregedor-geral - A prioridade, na minha gestão, é assegurar a eficiência, a transparência e a qualidade dos serviços judiciários e extrajudiciais, de maneira que as áreas que exigem maior atenção envolvem atividades que lidam diretamente com a fiscalização e o controle de processos judiciais, serviços notariais e de registro, e a conduta de magistrados e servidores. Essas áreas demandam atenção especial devido ao impacto direto na confiança pública, no sistema judiciário e na eficiência da prestação jurisdicional.
VGN - Quantos processos disciplinares e sindicâncias estão conclusos ou em andamento sob sua gestão até o momento? Há um levantamento atualizado?
Corregedor-geral - Na Corregedoria-Geral da Justiça, atualmente, tramitam cinco sindicâncias e sete ICMs contra magistrados. Por outro lado, a partir do trabalho realizado pela Corregedoria, tramitam no Órgão Especial um total de 10 PADs instaurados contra magistrados, além de dois PADs instaurados contra delegatários de serventias extrajudiciais.
VGN - A Corregedoria tem atuado conforme as metas e resoluções do CNJ em relação à produtividade? O senhor poderia citar exemplos de como essas metas têm sido cumpridas?
Corregedor-geral - Sim, tem atuado conforme as metas do CNJ, realizando acompanhamento diário por meio dos painéis de BI, mantendo contato frequente com os Magistrados e promovendo a devida gestão para o cumprimento das metas estabelecidas.
A Corregedoria também conta com um Núcleo de Atuação Estratégica (NAE), composto por Juízes e assessores, que atuam diretamente nas unidades identificadas com dificuldades no atingimento das metas.
Como exemplo, até o mês corrente (julho de 2025), já foram cumpridos nove incisos de metas, de um total de dezesseis. Entre os ainda pendentes, o de menor percentual de cumprimento está em 62,85%, enquanto os demais já ultrapassaram 80% de execução. Importa destacar que ainda restam cinco meses até o término do prazo, que se encerra em 31/12/2025.
VGN - Houve avanços na digitalização, tramitação e julgamento de processos internos? Como a tecnologia tem sido utilizada para aumentar a transparência e eficiência?
Corregedor-geral - Todos os processos em trâmite no Poder Judiciário de Mato Grosso atualmente são eletrônicos. Não há mais processos físicos em andamento, de modo que essa automação possibilitou a redução da carga de trabalho, acelerou o andamento dos casos e diminuiu o tempo de espera para os julgamentos.
VGN - Durante sua gestão, quantos Magistrados foram afastados por suspeitas de condutas inadequadas? Quais os principais motivos que levaram a essas decisões?
Corregedor-geral - Houve o afastamento de três magistrados por deliberação do Órgão Especial do TJMT. Esses procedimentos seguem os ritos legais, asseguram a ampla defesa dos envolvidos e tramitam em segredo de Justiça.
VGN - Como a Corregedoria tem atuado para garantir que apurações contra magistrados não fiquem impunes, mas também respeitem o devido processo legal e o princípio da ampla defesa?
Corregedor-geral - Existem fluxos específicos para análise da correta atuação das funções jurisdicionais com destaque para o acompanhamento da produtividade, a realização de correições, os diálogos institucionais e também as manifestações apresentadas pelas partes, pela OAB, pelo Ministério Público e pela Defensoria Pública. Naturalmente, todo procedimento — especialmente os de natureza sancionatória —, além de presumir a inocência, exige a observância do devido processo legal.
VGN - O Judiciário mato-grossense foi alvo de críticas nos últimos anos por denúncias envolvendo suposta venda de sentenças. O que sua gestão tem feito para limpar essa imagem e recuperar a confiança da sociedade?
Corregedor-geral - De fato, houve a difusão de informações, por meio dos canais respectivos, acerca dos afastamentos e dos supostos motivos. Contudo, tais procedimentos — repito — tramitam de forma sigilosa, tanto no âmbito do Tribunal quanto no Conselho Nacional de Justiça (CNJ).
Por outro lado, a Corregedoria tem envidado todos os esforços possíveis e imagináveis para auxiliar e orientar os integrantes do Judiciário — servidores e Magistrados — no adequado desempenho de suas funções.
Prova disso é a elevada produtividade registrada nos últimos meses, bem como o cumprimento das metas estabelecidas pelo CNJ. Ademais, os casos com indícios de desvios funcionais estão sendo rigorosamente apurados, com a devida observância do rito legal.
VGN - Há mecanismos de controle preventivo que estão sendo fortalecidos para evitar novas situações que possam comprometer a integridade do Judiciário?
Corregedor-geral - São realizadas correições, acompanhamento processual, análise de dados e a apuração de todas as anomalias identificadas ou encaminhadas à Corregedoria-Geral da Justiça (CGJ) pelas vias adequadas.
VGN - Por fim, o que a população pode esperar da Corregedoria-Geral da Justiça sob sua liderança? Que legado o senhor pretende deixar ao final do mandato?
Corregedor-geral - A população pode esperar um trabalho pautado na eficiência e na transparência do sistema judiciário. Além disso, atuamos na fiscalização e no controle da atuação dos órgãos e servidores do Judiciário, buscando aprimorar a qualidade dos serviços prestados e assegurar a aplicação da lei de forma justa e imparcial.
A população pode esperar um trabalho pautado na eficiência e na transparência do sistema judiciário, diz Lindote
Pretendo deixar um legado de simplicidade e eficácia na condução da Corregedoria-Geral da Justiça (CGJ), pois entendo ser fundamental promover uma gestão transparente e eficiente dos serviços judiciários, com foco na melhoria contínua dos processos e no atendimento à sociedade de maneira mais próxima e acessível, priorizando a resolução eficaz dos problemas e a otimização dos recursos.
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