Durante a audiência de instrução realizada nesta quinta-feira (07.08), em Sorriso (a 420 km de Cuiabá), foram ouvidas as primeiras testemunhas do caso que comoveu a cidade no fim de 2023: o assassinato brutal de Cleci Calvi Cardoso, de 45 anos, e de suas três filhas — Miliane, de 19 anos, Manuela, de 13, e Melissa, de apenas 10 anos. O réu é o pedreiro Gilberto Rodrigues dos Anjos, que responde pelo crime.
A primeira testemunha a depor foi o marido e pai das vítimas, Regivaldo Batista Cardoso. Ele relatou que no dia do crime estava em viagem e estranhou o silêncio da família. Após diversas tentativas frustradas de contato, acionou a Polícia Militar. Os policiais estiveram na residência, mas relataram que do lado de fora tudo parecia normal — inclusive os cães estavam na casa —, embora ninguém atendesse ao interfone.
A ausência das filhas na escola, confirmada por ligação feita por Regivaldo à instituição, aumentou ainda mais sua preocupação. Ele também telefonou para a sogra, justificando que só não havia feito isso antes por saber que ela havia passado por uma cirurgia.
Ao falar sobre sua família, Regivaldo emocionou-se ao descrever a esposa como uma mulher amorosa, inteligente e dedicada às filhas. “Elas eram carinhosas, estudiosas”, contou. No fim do depoimento, pediu que o réu receba “a maior condenação possível” pelo crime.
Na sequência, prestou depoimento Elinara Calvi, irmã de Cleci e tia das meninas. Ela, que presenciou o cenário do crime, contou que permaneceu no local tentando preservar os corpos das vítimas de curiosos. Disse ainda ter tido a nítida sensação de que o autor dos crimes poderia estar por perto — o que se confirmou com a prisão de Gilberto na obra onde trabalhava, ao lado da casa da família.
Ao falar da irmã, Elinara fez questão de ressaltar sua dedicação e proteção às filhas. “As meninas nunca foram soltas em lugar nenhum. Sempre foram protegidas. Sempre!”, declarou, visivelmente abalada. Ela também destacou a forte ligação entre Cleci e suas irmãs e mãe. “Ela era perfeita para aquilo que ela se propunha a fazer, a vida inteira.”
Sobre as sobrinhas, Elinara descreveu Miliane como estudiosa, cuidadosa com a avó e cheia de sonhos. Manuela, segundo ela, gostava de subir em árvores, andar de bicicleta e estudar. “Muito querida, muito amorosa sempre.” Já Melissa foi lembrada como “espoleta e esperta”, também estudiosa e muito apegada à avó materna. Ao final, relatou que não teve coragem de entrar nos quartos das meninas ao descobrir o que havia ocorrido.
A audiência continua com oitiva de mais testemunhas e, posteriormente, do réu.
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