Durante o julgamento do Tribunal do Júri contra Gilberto Rodrigues dos Anjos, réu acusado de assassinar brutalmente Cleci Calvi Cardoso, de 45 anos, e suas três filhas — Miliane, 19, Manuela, 13, e Melissa, 10 — em Sorriso (a 420 km de Cuiabá), a defesa técnica reconheceu a autoria e a materialidade dos crimes, mas pediu que os jurados avaliem com cautela os três estupros atribuídos ao acusado.
A sustentação foi feita nesta quinta-feira (07.08) pelos defensores públicos Ewerton Júnior Martins Nóbrega e Claudiney Serrou.
Durante a fala, Ewerton Nóbrega destacou que cada instituição do sistema de Justiça tem seu papel e que a atuação da Defensoria se deu com respeito às famílias das vítimas. Ressaltou ainda que crimes contra a vida são de competência do Tribunal do Júri e que o processo seguiu todas as etapas previstas em lei até o julgamento.
Ao longo da manifestação, o defensor reconheceu a gravidade dos crimes e elogiou o trabalho técnico da polícia e da perícia. “Por decência, eu não peço a pena mínima, por respeito à população de Sorriso”, afirmou, enfatizando que não havia dúvidas quanto à autoria, materialidade e qualificadoras dos homicídios.
No entanto, a defesa pediu que os jurados reavaliassem dois pontos que considerou inconclusivos, especialmente em relação aos crimes sexuais. Segundo Nóbrega, houve momentos em que a palavra do réu foi considerada e, em outros, desconsiderada, o que exigiria cautela na interpretação dos fatos. Ele levantou dúvidas sobre se as vítimas estariam vivas no momento dos atos sexuais relatados.
Para o defensor, caso as vítimas já estivessem mortas, não houve estupro, mas sim vilipêndio de cadáver, citando o Código Penal. Ele ressaltou que não há prova técnica dos estupros além da palavra do réu e sugeriu que, se confirmada a morte anterior à violência sexual, a tipificação correta seria vilipêndio, cuja pena é consideravelmente menor.
Nóbrega finalizou sua manifestação reafirmando que sua atuação tem como objetivo garantir um julgamento justo, sem vaidade ou competição com o Ministério Público. “A toga dos jurados não representa a vontade própria, mas sim o julgamento conforme o direito e as provas”, concluiu.
Leia Mais - Promotor diz que pedreiro planejou chacina com frieza e agiu como ‘ser demoníaco’
“Contou como quem narra uma pescaria”, delegado relata frieza de autor de chacina em Sorriso
Vítimas de Chacina: Pai descreve esposa como amorosa e filhas como carinhosas e estudiosas
Pedreiro começa a ser julgado por matar mãe e três filhas em Sorriso; “Caso muito grave”, diz juiz
Siga o Instagram do VGN: (CLIQUE AQUI).
Participe do Canal do VGN e fique bem informado: (CLIQUE AQUI).