A Corregedoria-Geral da Polícia Militar de Mato Grosso deve instaurar, nos próximos dias, um Inquérito Policial Militar para apurar a conduta de militares suspeitos de envolvimento em 23 homicídios consumados e nove tentativas de homicídio.
Os casos ocorreram em Cuiabá e Várzea Grande e teriam sido simulados como confrontos com criminosos. As investigações serão fundamentadas nas provas obtidas pela Operação Simulacrum, compartilhadas com autorização judicial.
A juíza Helícia Vitti Lourenço, da 12ª Vara Criminal de Cuiabá, autorizou, na terça-feira (06.05), o compartilhamento das provas, destacando a necessidade de apuração e o respeito aos princípios da legalidade, celeridade e ampla defesa. O uso de provas emprestadas de outras investigações é prática aceita pelos tribunais superiores. A partir do novo inquérito instaurado pela Corregedoria, as condutas dos policiais serão apuradas na esfera militar.
O que diz a investigação
Em 28 de junho de 2024, o Ministério Público Estadual (MPE) denunciou 68 militares e um segurança particular por envolvimento em 23 homicídios consumados e nove tentativas de homicídio.
Consta das investigações que a suposta intenção seria promover a imagem dos policiais envolvidos e dos batalhões, como a Ronda Ostensiva Tática Móvel (Rotam), o Batalhão de Operações Especiais (Bope), a Força Tática e o 1º Comando Regional, à época dos supostos confrontos.
Um dos episódios ocorreu no bairro Itamarati, em Cuiabá, em julho de 2020. Na ocasião, o Bope alegou confronto com suspeitos de assalto. Seis pessoas morreram — duas delas tinham antecedentes criminais por roubo e tráfico de drogas. Outro ponto levantado pela investigação é o uso de armas de grosso calibre em veículos que receberam mais de 100 disparos, sem indícios de troca de tiros.
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