Dos 55 poços profundos contratados pela Companhia Mato-grossense de Mineração (Metamat) com recursos públicos, apenas 20 estão efetivamente em funcionamento. A informação consta da auditoria da Controladoria-Geral do Estado (CGE), cujos relatórios embasam a investigação da Operação Poço Sem Fundo, que apura suspeitas de fraudes e desvio de dinheiro público na estatal.
Realizada em novembro de 2024, a inspeção técnica revelou um cenário de ineficiência, abandono e indícios de corrupção. Além de poços inoperantes, sete foram classificados como improdutivos, dois perderam os reservatórios logo após a instalação e cinco sequer apresentam registro de pagamento na base de dados da própria Metamat.
Em muitos casos, os serviços foram pagos mesmo sem a entrega completa: há poços perfurados, mas sem bomba, sem painel de controle, sem reservatório ou ligação elétrica — o que os torna inoperantes. As irregularidades afetam comunidades nos municípios de Acorizal, Jangada, Rosário Oeste, Denise, Nossa Senhora do Livramento e Alto Paraguai. Segundo a CGE, houve ainda a fragmentação irregular das etapas das obras, com a contratação separada de serviços interdependentes, como cercamento e instalação de hidrômetros, o que provocou atrasos e aumento de custos.
Um dos contratos sob maior suspeita, o de nº 09/2022, firmado com a empresa Tecnopoços, apresenta indícios de superfaturamento de R$ 3,6 milhões. A empresa recebeu R$ 27,7 milhões da Metamat. Também foram identificados pagamentos em duplicidade e "poços fantasmas" — obras registradas como concluídas, mas inexistentes nos locais indicados. A auditoria ainda apontou falhas graves no planejamento e na execução dos projetos: ausência de estudos prévios, ordens de serviço genéricas, falta de licenças ambientais, carência de projetos técnicos e de diários de obra — lacunas que teriam facilitado fraudes e o desvio de recursos públicos.
De acordo com os relatórios, servidores da Metamat — incluindo diretores, fiscais e ordenadores de despesas — teriam atuado em conjunto para beneficiar seis empresas entre os anos de 2020 e 2023. As condutas investigadas envolvem peculato, fraudes em licitação, falsidade ideológica, contratação direta irregular e lavagem de dinheiro.
Outro Lado
Procurado pelo , o advogado da empresa Tecnopoços, Wanderson Vasconcelos, negou qualquer irregularidade nos contratos firmados com a Metamat. Ele afirmou que todos os apontamentos da Controladoria-Geral do Estado já eram de conhecimento da empresa há cerca de 18 meses e foram devidamente sanados.
“O que existe é uma denúncia genérica, que inclusive arrola pessoas sem qualquer vínculo com os contratos questionados. Estamos todos de cabeça erguida e confiantes de que a verdade será mostrada. Não há nenhuma irregularidade, e na defesa técnica vamos rebater ponto a ponto da denúncia”, declarou o advogado.
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