A promotora de justiça, Marcelle Rodrigues da Costa e Faria, afirmou nesta sexta-feira (10.12), durante julgamento de Jaíra Gonçalves de Arruda Oliveira acusada de matar a enteada Mirella Poliane Chue de Oliveira, aos 11 anos, por envenenamento, que o crime foi descoberto por acaso, e que caso não fosse levantada a suspeita de que a menor tinha sofrido suposto abuso sexual, a acusada estaria solta e desfrutando do dinheiro da vítima.
Jaíra está presa desde setembro de 2019, acusada de matar envenenada a enteada com uma substância de venda proibida, ministrada gota a gota, entre abril e junho de 2019.
De acordo com a representante do Ministério Público Estadual (MPE), que o envenenamento foi descoberto após exame médico constatar que a menina tinha assadura na genitália e no ânus, sendo levantado a hipótese de abuso sexual da vítima. Após isso, foi realizado exame de corpo de delito, o qual detectou o veneno no corpo de Millena.
“Só foi realizado o exame de corpo de delito porque houve uma suspeita de abuso sexual. Se não fosse isso, ficaria constando que Mirella morreu de morte natural. A Jaíra estaria solta e casada ainda com José Mário, usufruindo do dinheiro da indenização”, declarou a promotora.
Segundo ela, no exame de corpo de delito foi constatado carbofurano (popularmente chamado de chumbinho ou veneno de rato) no corpo de Mirella. O pesticida causa náuseas, vômito, sudorese, sialorréia (salivação excessiva), borramento visual, miose (contração da pupila), hipersecreção brônquica, dor abdominal, diarreia, tremores, taquicardia, entre outros. Todavia, Marcelle Rodrigues explicou que as assaduras nas genitálias foram em decorrência de constantes diarreias, sendo que em algumas vezes a menina fazia as fezes sem sentir. “Isso tudo acontecia porque ela estava sendo envenenada”.
A promotora acusou Jaíra Gonçalves de tentar cometer o “crime perfeito” ao mudar sucessivamente de médico durante o tratamento de Mirella, com intuito, segundo Marcelle, de “esconder” o envenenamento da garota.
“Matou sua enteada tentando praticar um crime perfeito. (...) Todas as vezes que ela dava entrada no hospital achava que Mirella morreria, mas quando chegava lá ela melhorava. Passou mal, foi levado ao hospital e morreu. Ah, o médico não deu atenção. Isso que ela queria. Simular morte natural, e é isso que foi apontado no primeiro laudo, mas depois foi descartado no segundo”, disse Marcelle Rodrigues. Ela acrescentou: “Jaíra não foi crime perfeito. Você é mentirosa e assassina”.
Ainda segundo a promotora, na véspera da morte Mirella, a madrasta tratou a menina com “ponkan” ao invés de medicação, o que demonstra, conforme a representante do MPE, a intenção de Jaíra para que a enteada não melhorasse.
Ao final, Marcelle rechaçou qualquer possibilidade de interesse da avó materna, Claudina Chue Marques, em matar Mirella para ficar sozinha com o dinheiro da indenização, sendo que o herdeiro natural era o pai, José Mário Gonçalves.
Importante destacar que conforme denúncia do Ministério Público, Jaíra Gonçalves matou Mirella Poliane para ficar com uma indenização que a menina tinha direito pela morte da mãe durante o parto, decorrente de erro médico em um hospital da capital. A ação foi movida pelos avós maternos da criança. Em 2019, após 10 anos, o processo foi encerrado, e o hospital foi condenado a pagar uma indenização de R$ 800 mil à família, já descontando os honorários advocatícios.
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