Natural de Osvaldo Cruz (SP), Vitor Hugo Bruzulato Teixeira acumula quase 20 anos de dedicação à justiça e à segurança pública. Iniciou sua trajetória em 2007 e, antes de se tornar delegado, atuou por quatro anos no Ministério Público de São Paulo, experiência que ampliou sua compreensão do sistema judiciário.
Formado em direito pela Faculdade de Direito da Alta Paulista, construiu sua carreira em Mato Grosso, passando por delegacias na capital e no interior, sempre enfrentando diferentes formas de criminalidade. Em Cuiabá, comandou a DERRFVA, se destacando no combate a roubos e furtos de veículos.
Consolidou sua reputação em unidades especializadas como a DEMA, no enfrentamento aos crimes ambientais, a DRE, no combate ao narcotráfico, e a GCCO, nas investigações contra o crime organizado.
Hoje, como secretário de Estado de Justiça e Segurança Pública (Sejus), Vitor Hugo aplica sua experiência prática na formulação e execução de políticas estratégicas, assumindo o desafio de liderar a segurança pública de Mato Grosso com uma visão integrada e técnica.
Em entrevista exclusiva ao 
, o secretário de Estado de Justiça de Mato Grosso (Sejus), Vitor Hugo Bruzulato Teixeira, rejeitou categoricamente a alegação de que facções criminosas tenham dominado o sistema prisional estadual.
O secretário detalhou a estratégia atual da pasta, que se baseia em dois pilares fundamentais: a separação criteriosa dos detentos e o rompimento das redes de comunicação entre membros de organizações criminosas. Vitor Hugo defendeu ainda que o desmembramento da antiga Secretaria de Segurança Pública (Sesp) representou um avanço estratégico, permitindo uma atuação mais especializada e eficiente, com foco tanto na ressocialização quanto na manutenção da ordem nas unidades prisionais.
Confira na íntegra a entrevista
VGN - Após décadas de domínio absoluto do CV no sistema prisional, a SEJUS possui uma estratégia para quebrar essa hegemonia, ou apenas reformulou práticas antigas?
Vitor Hugo Bruzulato - O sistema penitenciário de Mato Grosso nunca foi dominado por facções. O controle sempre foi do poder público. As ações atuais visam impedir a comunicação dos faccionados e promover a separação dos presos com base em critérios objetivos como natureza do crime, vínculo com facções e situação processual.
VGN - Qual o investimento em inteligência penitenciária e tecnologia anti-comunicação, e por que tentativas anteriores falharam sistematicamente?
Vitor Hugo Bruzulato - A Secretaria de Estado de Justiça (Sejus) foi criada com o programa Tolerância Zero às facções criminosas, lançado pelo governador Mauro Mendes no final do ano passado. Em sua estrutura organizacional, conta com uma Secretaria Adjunta de Inteligência e atua com foco na manutenção da ordem, disciplina e segurança nas unidades prisionais.
Para alcançar esses objetivos, são realizadas diversas operações voltadas à retirada de materiais ilícitos, especialmente aparelhos celulares, a fim de impedir a comunicação indevida. Paralelamente, os procedimentos operacionais vêm sendo ajustados com o uso de equipamentos tecnológicos, como escâneres corporais, raios-x e detectores de metais, para coibir a entrada desses materiais.
"Como resultado, já é possível observar que, em grande parte das unidades prisionais, os itens ilícitos não entram, o que representa um avanço significativo."
VGN - O desmembramento SESP/SEJUS representa uma revolução na gestão de segurança ou apenas redistribuição burocrática? Quais indicadores concretos comprovam que essa reorganização produziu resultados superiores aos modelos anteriores em outros Estados?
Vitor Hugo Bruzulato - A criação da Sejus foi essencial para o fortalecimento institucional dos sistemas penitenciário e socioeducativo. A separação das políticas de ressocialização e reinserção social permitiu uma atuação mais eficiente, específica e focada. Essa segmentação tem sido fundamental para garantir a implementação de políticas prisionais mais eficazes.
Mesmo com a nova estrutura, a Sejus mantém articulação constante com a secretaria de segurança pública e demais forças de segurança do estado, atuando de forma integrada. Esse esforço conjunto já apresenta resultados concretos, como a redução significativa dos índices de criminalidade violenta — a exemplo de roubos e homicídios — conforme dados divulgados recentemente pelo Governo do Estado.
O planejamento da Sejus visa à ampliação das políticas de ressocialização, a manutenção da ordem e disciplina nas unidades. A intensificação do uso de tecnologias nas unidades prisionais também é prioridade, com destaque para a modernização da infraestrutura, automação, sistemas de monitoramento e o uso de inteligência artificial, otimizando a gestão.
VGN - Considerando que apreensões pontuais historicamente não desestruturam o narcotráfico, qual a metodologia da SEJUS para atacar simultaneamente as redes financeiras, logísticas e de recrutamento das facções? Existe um plano de médio prazo para substituir a "política de resultados" por uma "política de resultados sustentáveis"?
Vitor Hugo Bruzulato - Entendemos que a resposta deve ser direcionada à Polícia Judiciária Civil, órgão competente para a atividade investigativa, inclusive com delegacia especializada para tratar do tema em questão.
No âmbito da Secretaria de Estado de Justiça, atuamos no controle dos faccionados dentro das unidades prisionais, impedindo a comunicação e a continuidade da prática de crimes a partir do interior do sistema.
VGN - Qual foi o impacto do programa "Tolerância Zero ao Crime Organizado" na redução dos índices de criminalidade em Mato Grosso?
Vitor Hugo Bruzulato - O programa tolerância zero às facções criminosas teve impacto significativo na redução dos índices de criminalidade. No entanto, os dados e indicadores criminais são de competência da secretaria de estado de segurança pública, razão pela qual a pergunta deve ser direcionada àquela pasta.
VGN - O programa Tolerância Zero mostrou redução de 37% nos roubos de veículos nos primeiros seis meses. Contudo, como garantir que esses resultados sejam sustentáveis a longo prazo? Qual o orçamento específico da SEJUS para manter essa intensidade operacional e quais são as metas quantitativas até o final de 2025?
Vitor Hugo Bruzulato - A redução de 37% nos roubos de veículos nos primeiros seis meses de 2025, conforme mencionada na pergunta número 8, evidencia que o programa Tolerância Zero às facções criminosas vem produzindo resultados positivos no enfrentamento à criminalidade em mato grosso. O objetivo é dar continuidade a essa política, promovendo, como consequência, a tranquilidade, a paz social e a segurança para o cidadão de bem.
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