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Entrevista da Semana Sábado, 24 de Maio de 2025, 15:00 - A | A

Sábado, 24 de Maio de 2025, 15h:00 - A | A

ENTREVISTA DA SEMANA

Bloqueio no Morro ameaça comércio local e fomenta trilhas clandestinas, diz líder comunitária

Interdição do Morro de Santo Antônio afeta renda e cria riscos em atalhos proibidos

Lucione Nazareth/VGN

O conversou nesta semana com Niane Aparecida Oliveira Rosa, presidente da Associação de Pequenos Produtores Rurais de Morrinho e Fazenda Velha, sobre as obras e a suspensão de visitas ao Morro de Santo Antônio, em Santo Antônio do Leverger (a 35 km de Cuiabá).

Niane espera que as autoridades concluam as obras o quanto antes. Ela reconhece os desafios enfrentados no canteiro: “Toda obra tem imprevistos. Trocaram a retroescavadeira três vezes e foi necessário ampliar o espaço”, afirmou.

Com as fortes chuvas deste ano, a presidente relata a formação de fendas na trilha e queda de pedras. Além disso, visitantes ignoram as placas de aviso e continuam subindo a pé, de bicicleta ou até de triciclo.

Segundo Niane, o Governo do Estado não dialoga com a comunidade local, embora o governador Mauro Mendes (União) conheça o potencial turístico da área. Para ela, a suspensão da visitação é necessária enquanto durarem as obras: “O fluxo era intenso e a trilha antiga apresentava trechos bastante erodidos”.

O uso de trilhas clandestinas também preocupa. “É como um bolo que todos comem ao mesmo tempo: logo não sobra nada. Essas rotas improvisadas aumentam o risco de acidentes”, avalia. Ela recorda o caso de um homem que ficou perdido por três dias, sendo encontrado “muito debilitado”.

O bloqueio afetou diretamente o comércio e o turismo local. “Antes, víamos ciclistas e turistas o tempo todo. Agora está tudo parado”, lamentou.

Para equilibrar a visitação com a preservação, Niane sugere restrições: “Que apenas guias e condutores autorizados possam entrar, com controle de acesso, e que a comunidade tenha a oportunidade de vender seus produtos para gerar renda”.

Embora participe das oficinas do Plano de Manejo e do conselho gestor, Niane se sente apenas “parcialmente ouvida”. Ela considera a gestão do Morro “precária” e defende a criação de uma associação específica para a área. “O Morro é nosso diamante a ser lapidado”, declarou, reforçando a necessidade de união entre moradores e poder público.

Confira na íntegra a entrevista

VGN - O que você espera das autoridades para garantir a segurança e preservação do Morro de Santo Antônio?

Niane Rosa - Que concluam a obra.

VGN - Você acredita que houve exagero ou negligência nas obras? Por quê?

Niane Rosa - Toda obra começa com uma expectativa de como vai terminar, mas durante o percurso surgem desafios. Acho que, quando o governador iniciou, não imaginava que teria que trocar a retroescavadeira três vezes, sendo a última a maior de todas. Para isso, o espaço precisou ser ampliado.

VGN - Percebeu alguma degradação ambiental recente na região?

Niane Rosa - Sim. As obras estão paradas, e o volume de chuvas este ano foi muito maior. Isso fez abrir fendas na trilha e soltar pedras. Além disso, muita gente ignora as placas de proibição e sobe o morro a pé, de bicicleta ou até de triciclo.

VGN - O Governo tem conversado com os moradores?

Niane Rosa - Não. Mas esse é um governador que já esteve por aqui e viu o potencial turístico do lugar.

VGN - Você concorda com a suspensão da visitação? Por quê?

Niane Rosa - Sim, até as obras serem concluídas. O fluxo era muito intenso e a trilha antiga estava cheia de erosões, com trechos que precisavam ser escalados. A degradação começou antes da obra, por causa do número de visitantes.

VGN - Você conhece trilhas clandestinas usadas para subir o morro? Elas oferecem riscos?

Niane Rosa - Sim. É como se o Morro fosse um bolo e cada trilha, uma fatia. Se todos resolverem comer ao mesmo tempo, logo não sobra nada. Algumas trilhas foram abertas para tirar cascalho antes da obra. Outras por aventureiros. Todas representam risco.

VGN - Já presenciou algum acidente ou situação perigosa?

Niane Rosa - Sim. Um senhor ficou perdido por três dias. Quando foi encontrado, estava muito debilitado. E, quando o fogo começa a subir o morro, é um desespero.”

VGN - A interdição impactou o turismo ou comércio da região?

Niane Rosa - Sim. Antes víamos ciclistas e turistas o tempo todo. Agora, está tudo parado.

VGN - Que tipo de obra ou medida ajudaria a equilibrar turismo e preservação?

Niane Rosa - Gostaríamos de ver leis permitindo o acesso apenas com guias e condutores autorizados, controle de entrada e a chance da comunidade vender seus produtos, gerando renda.

VGN - Você se sente ouvida nas decisões sobre o futuro do Morro?

Niane Rosa - Parcialmente. Participamos das oficinas do Plano de Manejo e da nova composição do Conselho.

VGN - Como avalia a atuação do Governo e da Sema na gestão do Morro até agora?

Niane Rosa - Precária. A área é muito grande para um gerente tomar conta sozinho.

VGN - Existe algum grupo ou associação que discute a conservação do Morro?

Niane Rosa - Não há uma associação específica, mas usamos o grupo da comunidade para discutir os assuntos. Decidimos em conjunto, porque acreditamos que a união faz a força. O Morro é e sempre será nosso diamante a ser lapidado.”

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