Uma mulher acusada de participar de um esquema de extorsão que arrancou mais de R$ 2,2 milhões de um empresário de Cuiabá teve a prisão preventiva revogada pela 1ª Câmara Criminal do Tribunal de Justiça de Mato Grosso (TJMT). A decisão foi tomada no último dia 29 de abril.
A vítima, de 69 anos, atua no setor de maquinários agrícolas e foi alvo de uma quadrilha com 26 integrantes, especializada em “sextorsão” - chantagem com ameaças de divulgar conteúdos íntimos em troca de dinheiro. A extorsão teria começado em junho de 2020 e se estendido até setembro de 2023, segundo a Delegacia de Repressão a Crimes Informáticos.
A mulher, identificada como I.C.S., foi presa no dia 13 de março deste ano. No dia 15 de abril, o Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco) apresentou denúncia contra os membros da quadrilha.
A defesa argumentou que não havia provas suficientes do envolvimento direto dela nos crimes e destacou que a suspeita é aposentada, mora em Bento Gonçalves (RS) e poderia responder em liberdade com medidas alternativas.
O desembargador Marcos Machado, relator do caso, entendeu que, apesar de existirem indícios de participação, as condições pessoais de I.C.S., como residência fixa e ausência de antecedentes, permitiriam a substituição da prisão por medidas cautelares.
Segundo depoimento do companheiro da suspeita, ela sabia do envolvimento dos filhos nas extorsões e tinha acesso à conta bancária usada para receber o dinheiro. Ela também já havia sido citada em um caso de falsa comunicação de crime em 2011, com o objetivo de dar aparência legal a valores ilegais.
Entre as medidas impostas pela Justiça estão: comparecimento periódico ao fórum, proibição de contato com os outros acusados (exceto filhos e companheiro) e obrigação de comunicar qualquer mudança de endereço.
O caso
O empresário procurou a polícia em 2024. Ele contou que foi abordado pelo Facebook por uma mulher identificada como “K.R.”. Após troca de mensagens e vídeos íntimos, passou a ser chantageado por outros integrantes do grupo.
Os primeiros pagamentos foram feitos ainda em junho de 2020. No total, ele transferiu mais de R$ 2,2 milhões ao longo de três anos. A quadrilha chegou a enviar boletins de ocorrência falsos e a envolver familiares da vítima para forçar novos depósitos.
Consta no inquérito que I.C.S. é mãe de dois dos investigados, E.M. e D.J.C.M., e companheira de outro suspeito, I.M., dono de uma das linhas telefônicas utilizadas nas extorsões. O número estava vinculado a e-mails e perfis falsos usados nos golpes.
Em setembro de 2023, a quadrilha chegou a entrar em contato com a esposa, o irmão e a irmã do empresário, enviando vídeos íntimos e exigindo mais dinheiro. Eles ameaçaram divulgar supostas acusações de pedofilia, mas os familiares não cederam à chantagem.
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