O presidente da Câmara de Várzea Grande, Wanderley Cerqueira (MDB), atribuiu à prefeita Flávia Moretti (PL) a responsabilidade pela crise enfrentada pelo Departamento de Água e Esgoto (DAEVG). Segundo ele, a gestora não investiu sequer R$ 1 na autarquia, aprofundando o colapso no fornecimento de água e preparando terreno para a concessão dos serviços.
Wanderley fez a comparação direta entre prioridades da Prefeitura. Ele citou que Moretti contratou por R$ 12 milhões serviços de guarda armada no Pronto-Socorro Municipal, enquanto a troca dos motores do DAE custaria aproximadamente R$ 6 milhões. “O problema lá é a concessão que ela quer fazer. Então quanto pior é melhor. Isso é a verdade, vereador. A prefeita não investe R$ 1 no DAE porque quer privatizar”, afirmou.
O embate começou após o vereador Cleyton Nassarden, conhecido como Sardinha (MDB), cobrar mudanças na gestão do órgão durante a sessão legislativa. Ele declarou que “já deu o tempo do coronel Zilmar Dias” no comando da autarquia, diante da retomada da crise hídrica no município. Sardinha criticou o plano de Zilmar de intensificar o uso de caminhões-pipa para socorrer a população, destacando que os veículos são velhos e pouco eficientes.
Segundo o parlamentar, há caminhões com 12, 20 e até 35 anos de uso ainda rodando pelas ruas, em condições precárias. “Esse caminhão, quando aposentarem ele, tem que colocar na frente do DAE, porque ali vai ser o guerreirão”, ironizou. Sardinha alertou que veículos tão antigos não conseguem ultrapassar 20 a 25 km/h quando carregados e fazem no máximo duas entregas por dia, mas recebem do contrato o mesmo valor de um veículo novo. Por isso, pediu a revisão dos contratos antes da ampliação da frota.
As críticas não ficaram restritas ao sucateamento da frota. Sardinha também atacou o próprio presidente do DAE. “Se o senhor está tendo tempo para ficar viajando em WhatsApp, é porque o DAE está perfeito. Deixa um pouquinho o WhatsApp de lado e vamos trabalhar para o povo”, disparou. O vereador chegou a propor que o vice-prefeito Tião da Zaeli (PL) assuma o comando do departamento. Para ele, seria uma forma de utilizar a articulação política do vice junto ao grupo do PL em Brasília para buscar soluções estruturais.
O vereador Carlinhos Figueiredo (Republicanos) também levou relato pessoal à tribuna. Disse estar há 15 dias sem água em casa e que, por esse motivo, precisou dormir na casa da sogra, em Nossa Senhora do Livramento (a 42 km de Cuiabá), para poder tomar banho. Ele acrescentou que não contrata caminhão-pipa para não gerar desconfiança de favorecimento por ser parlamentar. “Se eu comprar, a vizinhança acha que o DAE está mandando água para mim só por ser vereador”, desabafou.
Da base da prefeita, o vereador Caio Cordeiro (PL) reforçou as reclamações. Ele afirmou ter solicitado água às 10h10 da manhã e só começaram a atendá-lo por volta das 11h57. Ainda, segundo ele, a resposta oficial do DAE foi de que, devido à alta demanda, o prazo para atendimento com caminhão-pipa é de cinco dias. “Aí a água foi de madrugada, mas a força era tão fraca que nem encheu minha caixa. A população não pode esperar cinco dias para ter água em casa”, disse.
Para encerrar o desgaste, sugeriu que a própria prefeita assuma diretamente a chefia da autarquia. “A prefeita Moretti que assuma a caneta e assuma a chefia do DAE para acabar com esse desgaste que infelizmente a população tem sofrido em Várzea Grande”, finalizou.
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