O prefeito de Cuiabá, Abilio Brunini (PL), decidiu bancar o feitor contra os moradores do Contorno Leste que ousaram protestar por moradia. Chamou de “vândalos” aqueles que queimaram pneus e anunciou que não terão direito ao tão falado lote urbanizado da Prefeitura. Até aí, parece um discurso de ordem e disciplina.
“Essas pessoas não estarão na lista dos beneficiados do novo lote urbanizado que vamos fazer. Não vamos ceder áreas a vândalos. Quando você queima pneu, você danifica o asfalto, prejudica a cidade e atrapalha a população que precisa se deslocar. Não vamos apoiar esse tipo de atitude”, disse o prefeito em entrevista nessa terça-feira (30).
Mas, prefeito, onde está essa mesma indignação quando se trata dos manifestantes de 8 de janeiro que invadiram e depredaram os Três Poderes em Brasília? Ali, os seus correligionários do PL batem palmas, pedem anistia e posam de vítimas da História. Afinal, qual a diferença entre os “vândalos” que quebraram o patrimônio nacional e os que, na periferia, gritam por um teto para morar?
Na matemática política de Abilio, parece que queimar pneus na periferia é crime imperdoável, mas quebrar as vidraças do Supremo é “ato de liberdade”. Um discurso que escancara o velho ditado: para uns, a lei; para outros, o perdão.
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