O ex-governador de Mato Grosso Pedro Taques apresentou nessa terça-feira (24.06) novas denúncias relacionadas ao escândalo dos consignados que já afetou mais de 30 mil servidores públicos estaduais. Em vídeo divulgado nas redes sociais, Taques classificou como "coincidências" envolvendo empresas e possíveis ligações com familiares do atual governador Mauro Mendes.
"Cada enxadada é uma minhoca, às vezes várias minhocas. Vocês estão acompanhando o escândalo dos consignados, no qual mais de 30 mil servidores públicos do Estado de Mato Grosso foram roubados e enganados por algumas consignatárias", afirmou o ex-governador.
Pedro Taques direcionou suas principais acusações à empresa Angar, que, segundo ele, possui nome de banco, mas não tem autorização do Banco Central para realizar operações de consignado. "Continuando essas investigações, na busca por outras empresas que estejam prejudicando servidores, encontramos a Angar, uma securitizadora que tem nome de Bank, mas não é banco. Ela não possui autorização do Banco Central para fazer consignado", declarou Taques.
De acordo com as alegações do ex-senador, a empresa realizou operações de consignado junto ao Ministério Público do Estado de Mato Grosso e à Prefeitura de Cuiabá. "Esta pessoa jurídica, a Angar, fez consignados junto ao Ministério Público do Estado de Mato Grosso e ao município de Cuiabá. Estamos encaminhando esses documentos para o Ministério Público e para o município de Cuiabá", informou.
Alegadas conexões familiares
O ex-governador sustenta que existem ligações entre sócios da Angar e o filho do governador Mauro Mendes. "Agora, mais coincidências. Essa Angar tem como sócio um cidadão que também é sócio da Angar Investimentos e possui ligação com o filho do governador Mauro Mendes. São muitas coincidências", declarou.
Durante suas declarações, Taques citou documentos que comprovariam a participação de Luis Antônio Taveira Mendes, identificado por ele como filho do governador, em empresas relacionadas às operações questionadas.
Outras "coincidências" mencionadas
O ex-procurador da República estendeu suas alegações a outras empresas. "Além desta, a Zopone, que ganhou um trecho de concessão rodoviária no Estado de Mato Grosso, lá no Acre, é sócia do filho do governador", afirmou.
A Zopone Engenharia e Comércio Ltda. integrou o Consórcio Rodoviário Rota da Produção, que venceu o Lote 2 de concessões rodoviárias em Mato Grosso em março de 2025.
"Tirem suas próprias conclusões", concluiu o ex-governador ao final de suas declarações.
Consignados
As denúncias sobre os consignados em Mato Grosso tem sido investigado por entidades sindicais e pelo escritório de advocacia AFG & Taques, revelando práticas fraudulentas nos créditos consignados operados principalmente pela empresa Capital Consig.
Segundo as investigações, há casos documentados em que servidores solicitaram empréstimos consignados de R$ 12 mil, receberam apenas R$ 3 mil, mas foram cobrados por dívidas superiores a R$ 24 mil.
O procurador da República Erich Raphael Masson determinou que a Polícia Federal abra inquérito policial para investigar possíveis crimes contra o sistema financeiro pelas empresas envolvidas no esquema. Audiências públicas na Assembleia Legislativa têm debatido as irregularidades, com servidores relatando que mais de 60% de seus salários estão comprometidos com consignados.
Outro lado - A reportagem procurou as assessorias de imprensa da Secretaria de Comunicação do Estado (Secom) e da Secretaria de Estado de Planejamento e Gestão (Seplag-MT) para comentar o assunto. No entanto, até o fechamento desta matéria, não houve retorno. O espaço segue aberto para manifestação.
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