Por Eli Ambrósio do Nascimento*
Com o envelhecimento populacional em ritmo acelerado, torna-se cada vez mais necessário repensar os modelos de cuidado com os idosos. Entre as estratégias mais eficazes e humanizadas está a visita médica domiciliar, especialmente quando realizada por médicos de família e comunidade. Este tipo de atendimento personalizado não apenas garante o acesso à saúde, mas também promove qualidade de vida e dignidade para o idoso fragilizado.
Quem é o idoso fragilizado?
O idoso fragilizado é aquele que apresenta redução significativa na sua capacidade funcional. Em geral, ele tem dificuldades para realizar atividades básicas do dia a dia, como se alimentar, locomover-se, tomar banho, ou mesmo comunicar-se de forma eficaz. Pode sofrer de múltiplas doenças crónicas, estar em uso contínuo de medicamentos e ter maior risco de hospitalizações, quedas e complicações de saúde.
Por que a visita domiciliar é tão importante?
Sair de casa para consultas médicas pode ser um desafio para muitos idosos fragilizados. O transporte, o tempo de espera, o desconforto físico e emocional acabam tornando o processo desgastante. A visita domiciliar elimina essas barreiras, permitindo que o atendimento aconteça no ambiente mais seguro e familiar: a própria casa.
O médico de família e comunidade, por sua formação generalista e visão integral do paciente, está especialmente preparado para realizar esse tipo de cuidado. Ele observa não apenas o estado clínico do idoso, mas também as condições do domicílio, os hábitos de vida, a alimentação, o suporte familiar e os fatores de risco presentes no lar.
O que o médico observa na visita?
Durante a visita domiciliar, o médico avalia o estado geral do idoso, o controle das doenças crónicas, a eficácia e segurança do uso de medicamentos, e possíveis sinais de desnutrição, dor ou sofrimento psíquico. Além disso, verifica questões relacionadas à segurança do ambiente, como risco de quedas, acessibilidade, higiene e conforto.
Essa atenção personalizada permite ajustar o plano de cuidado conforme a realidade de cada família, otimizando os tratamentos e evitando hospitalizações desnecessárias.
O papel da família
A participação da família é fundamental. Ela deve estar envolvida no processo de cuidado, compreendendo as orientações médicas e contribuindo com informações importantes sobre o dia a dia do idoso. O médico atua também como educador, orientando sobre prevenção de complicações, organização da rotina de cuidados e promoção do bem-estar emocional.
Um cuidado que gera dignidade
A visita médica domiciliar não é apenas uma questão de comodidade, mas um direito à saúde com respeito às necessidades do idoso. Proporciona acolhimento, escuta, vínculo e atenção contínua. É uma prática que reforça a dignidade e o valor da vida, mesmo diante das limitações impostas pela idade avançada.
Em tempos em que se fala tanto em humanização do cuidado, a visita domiciliar mostra-se uma das formas mais concretas de exercer a medicina com empatia, competência e sensibilidade.
*Eli Ambrósio do Nascimento é médico de família e comunidade no Centro Médico TGA, em Tangará da Serra.
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