O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Cristiano Zanin autorizou que o lobista Andreson de Oliveira Gonçalves, investigado por suposta participação em um esquema de venda de decisões judiciais no Superior Tribunal de Justiça (STJ), deixe a prisão federal em Brasília para cumprir prisão domiciliar em Primavera do Leste, em Mato Grosso.
A decisão foi tomada após pedido da defesa, com aval do procurador-geral da República, Paulo Gonet, que reconheceu a deterioração física do investigado durante os 234 dias de prisão preventiva. Andreson havia sido transferido para a unidade federal de Brasília em 11 de março, por determinação do próprio Zanin, que alegou, na ocasião, a necessidade de reforçar a segurança do preso.
Segundo os advogados, o lobista apresentava problemas de saúde que exigiam acompanhamento médico e já buscavam a transferência para prisão domiciliar.
Andreson Gonçalves foi alvo central da Operação Sisamnes, deflagrada pela Polícia Federal após o assassinato do advogado Roberto Zampieri, em Cuiabá, em dezembro de 2023. Durante a investigação do crime, mensagens encontradas no celular de Zampieri revelaram indícios de negociações para influenciar decisões no STJ. Conversas analisadas pelo Conselho Nacional de Justiça (CNJ) apontam que Gonçalves intermediava o pagamento de valores a servidores e encaminhava rascunhos de sentenças antes dos julgamentos. Entre as provas reunidas, estão transferências que somam R$ 4 milhões a um servidor que atuou nos gabinetes de duas ministras da Corte.
A Operação também investiga outros envolvidos, como o empresário Haroldo Augusto Filho, suspeito de facilitar o acesso a ministros e familiares por meio de favores e empréstimos de aeronaves. O esquema teria atuação em Mato Grosso, Mato Grosso do Sul e Tocantins.
Embora a decisão de Zanin tenha caráter humanitário, o processo segue em andamento, e Gonçalves poderá colaborar com as autoridades em troca de eventual redução de pena.
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