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No Alvo Sexta-feira, 03 de Outubro de 2025, 10:37 - A | A

Sexta-feira, 03 de Outubro de 2025, 10h:37 - A | A

SAUDADE DA SENZALA

A distância entre o governador e o feitor de senzala é apenas a lei que lamenta ter que obedecer

Governador transforma confissão em política: a vontade existe, falta apenas a permissão

O ditado bíblico ensina que "a boca fala do que o coração está cheio". Na quinta-feira (02.10), durante a Conferência Recupera no Tribunal de Justiça de Mato Grosso, o governador Mauro Mendes (União) ofereceu uma janela transparente para seu íntimo ao comentar sobre o trabalho de presos em obras públicas.

Ao ser questionado sobre o uso da mão de obra carcerária para reduzir o déficit que atrasa obras como o BRT, Mendes não hesitou: "Eu, governador, não posso pegar o cara lá e dar uma chibatada nele. Se pudesse, talvez seria bom, mas não podemos fazer isso".

A frase, aparentemente casual, carrega um peso histórico incômodo. A referência ao chicote - instrumento de tortura emblemático da escravidão - não surgiu por acaso. Revela uma mentalidade que enxerga a coerção física como solução desejável, apenas impedida por "detalhes" legais e civilizatórios.

Como um feitor que lamenta as limitações da modernidade, o governador deixa claro: a vontade existe, só falta a permissão. É a ideologia autoritária de extrema-direita despida de eufemismos, expressa na lógica simples de quem vê pessoas privadas de liberdade não como cidadãos em processo de ressocialização, mas como corpos que deveriam estar disponíveis para exploração compulsória.

Mendes ainda reclamou que apenas 250 presos trabalham voluntariamente - entre 10% e 15% do total. Para ele, o problema é a "falta de interesse dos detentos" e a "sensação de impunidade". A ironia é reveladora: respeitar o direito ao trabalho não-compulsório, garantido por lei, é interpretado como "estar à mercê da vontade" do preso.

A declaração não é um deslize. É confissão. Quando alguém manifesta que "se pudesse" usaria violência física como método de gestão, está dizendo exatamente quem é. O governador apenas esqueceu, por um momento, que certas verdades do coração deveriam permanecer guardadas - especialmente quando ecoam senzalas.

Leia matéria relacionadaMauro Mendes ironiza uso de presos em obras e diz que “se pudesse dar chibatada, talvez seria bom”

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