A prefeita de Várzea Grande, Flávia Moretti (PL), protagonizou momentos de tensão durante um café da manhã com jornalistas realizado nesta sexta-feira (26.09). Ao ser questionada sobre a rescisão do contrato com a empresa Eletroconstro Prestação e Terceirização de Serviço Ltda e também sobre críticas de vereadores a respeito do uso recorrente de atas de adesão pela Prefeitura, a gestora se exaltou, rebateu as acusações e partiu para ataques diretos contra a Câmara Municipal.
Flávia iniciou sua resposta dizendo que os parlamentares deveriam estudar a nova Lei de Licitações antes de levantar suspeitas. Segundo ela, o uso das atas está previsto em lei e não representa ilegalidade. “Os vereadores têm que começar a estudar a nova lei de licitação. A previsão legal está lá, não é ata de improbidade nenhuma. A adesão é prevista e utilizada quando há necessidade imediata de prestação de serviço. Nós encurtamos o processo diante da necessidade, dentro da legalidade”, afirmou.
A prefeita também aproveitou para alfinetar os vereadores que criticam a prática. “Cá entre nós, os vereadores querem achar pelo em ovo? Ficam procurando”, disparou.
Sobre a rescisão com a Eletroconstro, Flávia Moretti disse que a decisão foi tomada porque a empresa não conseguiu cumprir o contrato e atender às demandas da cidade. “Apesar do contrato prever um número de funcionários, a empresa não tinha e não entregava o serviço que eu exigia. No começo do ano, estive pessoalmente com representantes e pedi que entregassem um serviço de qualidade, que mantivessem a cidade limpa, capinada e pintada. Mas isso não aconteceu. A situação se arrastou, e eu cheguei ao meu limite”, desabafou.
Indagada sobre as críticas de que a adesão de atas revelaria falta de planejamento, a prefeita negou. Ela justificou que herdou serviços sem licitação e que precisou adotar o modelo de atas como alternativa rápida. “A gente planejou, mas encontramos muitos serviços sem licitação. Então foi preciso encurtar processos para garantir que os serviços continuassem. A ata é parte do devido processo legal, feita dentro da lei. Inclusive, no consórcio de saúde, por exemplo, a licitação é feita pelo consórcio, e nós aderimos. Isso é absolutamente legal”, explicou.
Ao falar sobre a relação com a Câmara, Flávia se mostrou ainda mais exaltada. Questionada sobre o motivo da insistência dos vereadores em criticar sua gestão, ela acusou os parlamentares de não trabalharem. “Manda eles votarem a LDO, o PPA. Manda eles trabalhar um pouquinho nas leis. Que projeto de lei o presidente da Câmara mandou? Nenhum. Eu não sancionei nenhum projeto de lei do presidente da Casa, Wanderley Cerqueira (MDB). Então os vereadores precisam me deixar trabalhar, deixar as coisas acontecerem. Várzea Grande vai mudar”, afirmou.
A prefeita também rechaçou as críticas de que a rescisão com a Eletroconstro seria uma manobra para burlar processos licitatórios. Com ironia, Flávia respondeu: “Meu amor, está previsto na lei. Manda eles fazerem faculdade de Direito e estudarem um pouco.”
Sobre a possibilidade de a empresa recorrer à Justiça alegando irregularidades na rescisão, Moretti disse que respeitará eventual decisão judicial, mas reforçou que mantém sua posição. “Se o juiz mandar ficar, é problema do Judiciário. Eu cumpro, mas meu papel eu fiz. Se precisar, eu vou recorrer. A Procuradoria está aí para isso”, completou.
O rompimento com a Eletroconstro, responsável há anos pela limpeza urbana de Várzea Grande, ocorre em meio a críticas históricas da população sobre a precariedade do serviço. Segundo Flávia, a decisão foi tomada para garantir à população uma cidade mais limpa e organizada. “Eu quero uma limpeza digna, uma cidade limpa para o morador de Várzea Grande, porque ele tem direito. Nós temos direito. Vocês também são daqui e sabem disso. Todos nós temos direito a viver em uma cidade limpa”, finalizou.
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