O governador Mauro Mendes (DEM), em entrevista nesta terça-feira (19.05), reconheceu meia razão aos profissionais da Educação que não defendem a volta às aulas. Mendes disse que estes profissionais se encontram em uma situação “confortável” em comparação aos trabalhadores da iniciativa privada. Mendes chegou a citar os protestos dos trabalhadores da rede privada pedindo a retomada da atividade econômica em Cuiabá, como necessidade para sobrevivência financeira.
“Para os profissionais da Educação que olham para o seu lado, eles têm uma certa razão, mas para eles também está um pouco confortável, porque todo início do mês o Governo paga o salário de todo mundo. Ontem eu vi um protesto em Cuiabá na frente da Prefeitura. As pessoas estão dizendo que elas querem trabalhar, a grande maioria das pessoas precisa trabalhar para sobreviver, para comprar comida”, argumentou em entrevista à Rádio Jovem Pan.
Segundo Mauro, a atividade econômica e a Educação, assim como outros setores, dependem da arrecadação. Ele previu que se o regime de paralisação durar mais que o razoável, muitas empresas pequenas, médias e até de grande porte irão fechar agora ou depois da crise.
“Quantos empregos serão perdidos. Temos que estar atentos a isso, por isso o Governo tem defendido uma posição de equilíbrio, nem radical (quer dizer vamos tocar a vida como se nada tivesse acontecendo) e nem muito radical, como aqueles que defendem o lockdown”, pontuou.
Ao citar o lockdown, Mendes criticou o regime de isolamento total, dizendo que só sobrevive nele, quem está com a “prateleira cheia”, ou seja, quem tiver poupança ou reserva econômica garantida.
“Eu já ouvi gente dizendo: vamos ficar seis meses em casa, eu disse a ela: você está com a ‘prateleira cheia’, você tem dinheiro para seis meses ou um ano, mas milhares e milhares de pessoas não têm essa condição! Eu lhe pergunto: Elas vão comer o que durante seis meses? Será que vamos conseguir dar ajuda?”, criticou Mendes, prevendo dificuldades financeiras inclusive no Governo: “De onde o Governo vai tirar esse dinheiro se as empresas estão parando e a arrecadação está diminuindo?”
Ao comentar a dificuldade do Governo para reiniciar as aulas da rede pública, Mendes disse que ainda não tem uma data definida. Mas destaca que a decisão deverá ser em conjunto com as Prefeituras: “Essa decisão tem que ser conjunta com as Prefeituras, porque se o Governo volta e as Prefeituras não, quem fará o transporte? Porque quem faz o transporte dos alunos é a Prefeitura, o Governo paga por isso, mas se eles não voltarem isso será um problema”, disse.
Mauro destacou ainda que soluções paliativas foram tomadas ao citar a transmissão de aulas pela TV Assembleia: “Temos aulas pela TV Assembleia, tem aula pela internet e aonde não chega internet e nem TV, tem material impresso sendo distribuído. Estamos fazendo uma grande logística em todos Estado para minimizar o impacto dessa paralisação, antecipamos as férias, mas se continuar por muito mais semanas isso poderá comprometer”, pontuou o gestor.
Jornada de trabalho - O governador Mauro Mendes (DEM) disse que o servidor público deve dar exemplo e trabalhar ao defender a igualdade entre os servidores da rede pública e os trabalhadores da rede privada. Segundo ele, se todos ficarem “em casa” por um caso de coronavírus no setor então os hospitais não deveriam funcionar.
“Você vai tomar as precauções, não é porque teve um caso que não vai trabalhar. Nesse caso, você afasta a pessoa e quem teve mais contato com ele. Você faz o teste para ver se isola. Agora, o Governo também precisa trabalhar, o Governo precisa dar o exemplo”, defendeu.
Mendes disse que foram fornecidas para todas as Secretarias Estaduais do Governo, Equipamentos de Proteção Individual (EPIs) para retomada das atividades com todos os cuidados recomendados: “Todos estão usando a máscara, tem multa para o secretário, pelo responsável ao órgão, tem álcool para todos limpar as mãos, tem os procedimentos para afastamento. O grupos de risco está em home office, quem não está, faz um revezamento.”
Além disso, Mendes voltou a alertar que o Estado não pode parar, assim como outros setores da economia, porque o Governo depende da arrecadação, para pagar até mesmos os médicos que atuam na linha de frente no combate ao covid-19.
“Precisamos trabalhar, se não trabalharmos não terá arrecadação, se não ter arrecadação não vai ter salário, não vai ter dinheiro para pagar os médicos, não vai ter dinheiro para comprar remédio. O Governo não tem uma maquininha lá que fica gerando dinheiro, a gente recebe o dinheiro da cobrança de impostos e o servidor público precisa dar o exemplo”, exaltou.
Mendes também elogiou os servidores dizendo que a grande maioria quer trabalhar. Segundo ele, tem Secretaria que funcionou com quase 100% dos trabalhadores: “Acho que a maioria está dando exemplo, estão de parabéns, eu vejo tem gente que recebeu autorização para ficar em home office e está trabalhando, agora tem gente que prefere ficar em casa, não sei se é por medo...Mas precisamos enfrentar essa doença com cuidados”, disse.
Mauro destacou a diferença e cobrou igualdade ao citar que um trabalhador da rede privada, que presta um serviço essencial, não tem o mesmo “privilégio” de ir para casa quando surge um caso de covid-19 no trabalho.
“Se teve um caso fecha a empresa daqui há pouco não terá empresa fabricando alimento, não terá empresa entregando gás, não terá nada, vamos entrar em desabastecimento. Já pensou, num supermercado teve um caso, e todo mundo vai para casa? Qual a diferença do supermercado e do servidor público? Só porque o trabalhador da rede privada pode ser mandado embora e o servidor público não? Não né! Temos que ter tratamentos iguais”, encerrou.
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