O governo de São Paulo, Geraldo Alckmin, está em disputa interna com o senador Aécio Neves (MG) para se cacifar como candidato do PSDB na eleição para a Presidência em 2018.
O jornal Folha de S. Paulo destaca que Alckmin está aproveitando a falta de diálogo entre movimentos sociais e a presidente Dilma Rousseff para se aproximar de grupos ligados à esquerda e ao PT.
O MST (Movimento dos Trabalhadores Sem Terra) tem sido um dos principais alvos desde o mandato anterior do tucano, iniciado em 2011.
Alckmin tenta uma aproximação que vem sendo intensificada nos últimos anos e criticada por ruralistas. Nesta quinta-feira (14), haverá a sanção da lei estadual que permite a transmissão de terras a herdeiros de assentamentos rurais e o acesso deles a meios de financiamento.
"É uma sinalização de um governo que enxerga o conjunto do espectro da sociedade e não se limita a um único segmento", disse o secretário da Casa Civil, Edson Aparecido, insistindo em uma marca buscada por Alckmin.
Ainda segundo a Folha, um eventoacontecerá na residência oficial do governador para reunir Alckmin e os sem-terra e celebrar a lei, que sai do papel pela primeira vez no Brasil no Estado de São Paulo.
"É surpreendente e bom que esse projeto venha de um governo tucano. Isso ajuda a pressionar a esquerda e o governo", diz Gilmar Mauro, dirigente do MST.
Além de elaborar e propor a lei para Assembleia paulista, Alckmin cedeu um espaço nobre da capital, o Parque da Água Branca, para a sediar a primeira Feira da Reforma Agrária do MST.
Agenda
A publicação refere ainda que as iniciativas do governo tucano integram uma agenda criada em conjunto com o MST em 2013. Depois de uma reunião com Aparecido e Gilmar Mauro, o governador convocou, em 2014, seus 27 secretários para um encontro com uma comissão do MST.
Foi definida uma lista de projetos que inclui a construção de moradias populares no campo, concessão de terras devolutas a assentados rurais e a construção de uma escola técnica de agroindústria em Itapira, no norte do Estado.
Mauro tem se reunido mensalmente com o chefe da Casa Civil de Alckmin para discutir o andamento das políticas pró-assentados.
A Folha destaca que com a aproximação do governo com o MST, as invasões de terras no Estado caíram de 58 em 2011, para 27 em 2015. "É consequência das nossas políticas envolvendo de produção à qualidade de vida", diz Marco Pilla, da Fundação Itesp, responsável pelas questões agrárias de São Paulo.
Ele ressalta também que relacionamento teve efeito nas urnas. "Em regiões de assentamentos, como o Pontal do Paranapanema, onde o PSDB sempre perdeu, passou a ganhar. Na eleição de 2014, o mapa eleitoral ficou azul [referência à cor do partido]".
Gilmar Mauro confirma que o tucano tem conquistado votos. "Com certeza muito sem-terra votou no Alckmin. Temos a linha de votar em setores progressistas, mas mantemos a independência."
No entanto, o dirigente evita comparações com o PT, mas deixa seu recado: "Diálogo não é só conversa, é ação também. Isso que buscamos".
Entre no grupo do VGNotícias no WhatsApp e receba notícias em tempo real (CLIQUE AQUI).