A Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) das Apostas Esportivas, conhecida como CPI das Bets, foi encerrada nesta quinta-feira (12.06) no Senado. Por 4 votos contra e 3 a favor, os senadores rejeitaram o relatório final apresentado pela senadora Soraya Thronicke (Podemos-MS).
Mesmo com a rejeição, Soraya afirmou que enviará o relatório ao procurador-geral da República, Paulo Gonet, e ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). “Todos os brasileiros sabem e saberão que não terminará em pizza. Eu não sou a pizzaiola”, declarou.
Dos 11 senadores titulares da CPI, apenas 7 participaram da votação. Votaram contra o relatório Angelo Coronel (PSD-BA), Eduardo Gomes (PL-TO), Efraim Filho (União-PB) e professora Dorinha Seabra (União-TO). Os votos favoráveis foram da própria relatora Soraya Thronicke, Eduardo Girão (Novo-CE) e Alessandro Vieira (MDB-SE).
O senador Eduardo Girão (Novo-CE), que votou a favor do relatório, criticou a própria CPI. Segundo ele, a comissão foi “omissa” diante dos indícios de crimes. “Houve negligência na convocação de testemunhas e na análise das provas. A CPI falhou em proteger a sociedade contra os danos causados pela corrupção no setor de apostas online”, afirmou.
Agora, mesmo com o relatório rejeitado no Senado, a senadora Soraya Thronicke segue com a promessa de entregar os dados à Justiça e ao Executivo, tentando levar adiante as denúncias e os indiciamentos propostos pela comissão.
Relatório revela esquema bilionário
O relatório final, apresentado na terça (10), escancarou um esquema bilionário envolvendo manipulação de resultados esportivos, lavagem de dinheiro, publicidade enganosa e aliciamento de influenciadores digitais para promover jogos ilegais e enganar o público – inclusive crianças e adolescentes.
A senadora pediu o indiciamento de 16 pessoas, entre elas nomes famosos como:
Virgínia Fonseca, influenciadora digital, acusada de publicidade enganosa e estelionato, por simular lucros em apostas para induzir seguidores ao erro;
Deolane Bezerra, advogada e influenciadora, acusada de jogo ilegal, lavagem de dinheiro e associação criminosa;
Além de empresários, programadores e donos de sites suspeitos de integrar o esquema.
O documento também destaca que o setor das apostas online, legalizado parcialmente no Brasil, cresceu mais de 1.300% desde 2018. Para a relatora, esse crescimento explosivo aconteceu sem fiscalização adequada, gerando impactos sociais graves. “O consumo das famílias caiu, empregos foram destruídos e o dinheiro migrou para o lucro astronômico de poucos”, disse Soraya.
Propostas do relatório rejeitado
Mesmo com a rejeição, o relatório propôs 20 medidas para coibir abusos nas apostas virtuais, como:
Proibição de jogos de azar disfarçados de apostas, como o chamado Jogo do Tigrinho (que simula caça-níqueis);
Proibição de apostas online por pessoas inscritas no CadÚnico, o cadastro do governo que reúne famílias de baixa renda;
Maior controle sobre influenciadores digitais que promovem jogos.
Criação de mecanismos de identificação de vício em apostas e de proteção a menores de idade;
Regras mais duras para publicidade de casas de apostas.
Leia Mais - CPI acusa Virgínia Fonseca de enganar seguidores e quer banir jogo do 'tigrinho'
Entre no grupo do VGNotícias no WhatsApp e receba notícias em tempo real (CLIQUE AQUI).