Precisando saldar dívidas com fornecedores e funcionários, a empresária Clea Susane Motterle, proprietária da empresa Rondomaq Motterle, afirmou que não encontrou outra opção a não ser pagar propina para o prefeito de Rondolândia (a 1068 km de Cuiabá), Agnaldo Rodrigues de Carvalho (PP), preso no último sábado (27.04) na cidade de Ji-Paraná (Rondônia) para receber o valor que o município devia para ela. A informação consta no processo de prisão.
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Em depoimento prestado à Polícia Federal, Clea Susane Motterle disse que sua empresa Rondomaq Motterle celebrou contratos com a Prefeitura de Rondolândia, sendo um em 2016 para construção de oito pontes de concreto (Recursos do PAC 2); e outro em março de 2018, para realização de transporte escolar (recurso do Programa Nacional de Apoio ao Transporte Escolar – PNATE).
Na PF, ela relatou que assim que Agnaldo Rodrigues reassumiu o mandato de prefeito (pois havia sido cassado), procurou o gestor na Prefeitura e cobrou dele o pagamento de R$ 87 mil referente às parcelas de outubro, novembro e dezembro de 2018, relacionadas ao transporte escolar. Segundo ela, na ocasião o prefeito afirmou que só autorizaria os pagamentos mediante o pagamento de propina no valor de R$ 10 mil.
Em seu depoimento, a empresária disse à polícia que mesmo após a exigência por parte de Agnaldo “manteve-se inerte, pois tinha a esperança de receber sem precisar pagar o valor ilícito”, e que seguiu cobrando o prefeito as parcelas em abertas.
Segundo ela, ao perceber que não conseguiria receber da Prefeitura, decidiu ceder a exigência, e no início de fevereiro deste ano, entregou um cheque de R$ 10 mil (da conta de sua empresa) ao gestor. No dia do suposto pagamento da propina, Agnaldo estava dentro de sua caminhonete parado na frente da Prefeitura.
A empresária relatou que Agnaldo exigiu propina de 10% do valor da mediação nas obras de construção da “ponte da turbina” – a mediação foi no valor de R$ 104 mil. “Diante da exigência, precisando saldar sua dívida com fornecedores e funcionários, não viu outra opção, a não ser ceder a exigência do prefeito e pagar propina novamente, mas ponderou que pagaria novamente em cheque”, diz trecho extraído do depoimento da Clea Susane, afirmando ter realizado tal pagamento.
Ela contou à Polícia Federal que pagou em agosto de 2018, a título de propina o valor R$ 9.200,00 para conseguir receber a medição da construção da Creche Pró-Infância, recursos do Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE). O dinheiro foi repassado em espécie a Agnaldo na casa dele.
Ao encerrar o depoimento, a empresária ainda disse que tinha certeza que o prefeito iria cobrar propina pela medição da obra do CRAS (Centro de Referência da Assistência Social) no valor de R$ 48.695,86 mil.
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