A desembargadora do Tribunal de Justiça de Mato Grosso, Maria Erotides, na manhã desta quarta-feira (22.03), participou de um evento festivo em comemoração ao mês da Mulher, na Ordem dos Advogados Subseção Várzea Grande, pediu às advogadas que fizessem uma reflexão sobre a paridade na escolha para a vaga do Quinto Constitucional da Ordem dos Advogados de Mato Grosso.
“Eu quero ver o exemplo da OAB na próxima vaga do Quinto Constitucional, espero paridade, três e três. Senão vão me escutar falar mal, vou brigar mesmo”, disse Maria Erotides.
Erotides pediu que as advogadas pensassem, em primeiro lugar, na equidade na ocupação de espaço de liderança. “O Tribunal de Justiça completa, ano que vem, 150 anos. Nós só tivemos a primeira mulher presidente do Tribunal em 1991, a desembargadora Shelma Lombardi Kato, o cargo de maior liderança do Poder Judiciário. Eu já era juíza. Em 2020, tivemos na gestão passada a segunda mulher, desembargadora Maria Helena Póvoas. Devido ao movimento de mulheres, a terceira mulher foi eleita em 2022, desembargadora Clarice Claudino, ou seja, o Tribunal de 150 anos está tendo uma presidente a cada 50 anos, seria essa média. Só vamos ter outra presidente daqui a 50 anos?”, indagou.
Erotides citou relatório da ONU (Organizações das Nações Unidas) divulgado no último dia 6 de março, apontando que as mulheres ocuparam apenas 12% dos principais cargos em 33 das maiores organizações multilaterais desde 1945, e mais de um terço desses órgãos, incluindo os quatro grandes bancos de desenvolvimento, nunca foram liderados por uma mulher.
“Em quase 80 anos, 33 instituições estudadas tiveram 382 dirigentes, no entanto, apenas 47 eram mulheres. O relatório listou 13 instituições que nunca foram chefiadas por uma mulher desde o fim da Segunda Guerra Mundial, quando a maioria desses órgãos foi criada, incluindo o Banco Mundial, a Organização das Nações Unidas e algumas agências da ONU”, destacou.
A ONU maior organismo de direitos humanos, inclusive das mulheres, já teve sete Presidências, nunca uma mulher. A desembargadora questiona: “Será que nós não temos mulheres capazes de dirigir estes organismos internacionais, estas grandes empresas, será que nossa capacidade é limitada mesmo, e somos menos capazes do que o homem. Ou será que estamos vivendo a desqualificação do feminino?”, indagou.
A própria ONU reconhece que serão necessários mais 300 anos, para haver igualdade na ocupação de cargos de lideranças. “Nós, nem nossos filhos, nossos netos, não vamos ver isso acontecer, a menos que a gente faz igual à gente fez no Tribunal, vamos trabalhar para que nossas mulheres, capazes, tenham condições de competir em igualdade de condições com os homens”.
Erotides afirmou que as mulheres precisam provar serem capazes, e, em uma disputa, perder por falta de qualidade, não por ser uma mulher, o direito entre homem e mulher deve ser o mesmo. As mulheres precisam acreditar em seu potencial, acreditarem que podem exercer cargos de lideranças, assim como as juízas que já estão exercendo suas atividades, outras mulheres podem chegar a qualquer cargo almejado, é preciso acreditar e ir em busca de seu potencial.
Para próxima vaga, no segundo grau, no Quinto Constitucional, Erotides afirmou que quer ver paridade na escolha, que seja três advogados e três advogadas, que todas as mulheres sejam escolhidas pela sua capacidade e não, por favor.
"Ninguém está pedindo favor. Eu não quero que mulher seja passada na frente só porque é mulher, mas que seja passada na frente pela capacidade, que ela tenha oportunidade de disputar igualdade de condições com o homem, que ela perca porque sabe menos, porque ela é menos capaz. E não porque ela é mulher”.
Paridade - A desembargadora elogiou o presidente da OAB Subseção Várzea Grande, advogado Rodrigo Araújo, pelo número de mulheres nas Comissões Temáticas da OAB/VG e na diretoria.
Das 15 Comissões Temáticas, nove são presididas por mulheres, além da vice-presidente, secretária-geral e a diretoria-financeira serem comandadas por mulheres.
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