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Entrevista da Semana Sábado, 23 de Março de 2024, 15:30 - A | A

Sábado, 23 de Março de 2024, 15h:30 - A | A

entrevista da semana

Secretária de Educação diz que maior desafio é fazer as famílias compreenderem que lugar de criança é na sala de aula

A secretária citou que a pasta conta com a ajuda da Assistência Social e Saúde para dar uma atenção maior a essas famílias

Gislaine Morais & Edina Araújo/VGN

Graduada em Licenciatura e Bacharelado em História pela Universidade Federal do Estado do Mato Grosso (UFMT), com especializações em Psicopedagogia e Gestão Escolar, além de possuir formação técnica em Ensino Médio Magistério, Lúcia Korbes Drechsler, secretária de Educação de Sorriso (a 396 km de Cuiabá), ressaltou a ausência de evasão escolar no município. Contudo, enfatizou que persiste o desafio de sensibilizar as famílias sobre a importância da presença dos filhos na sala de aula.

A secretária mencionou que o departamento se beneficia do suporte da Assistência Social e da Saúde para dedicar maior atenção a essas famílias, visando cultivar a percepção de que a educação é fundamental.

"Dedicamo-nos intensamente à tarefa de conscientizar os pais, esclarecendo que a ausência do aluno deve se restringir a questões de saúde. Esse é nosso principal desafio: a compreensão dessas famílias. Demonstramos a necessidade de os estudantes frequentarem as aulas para que os professores possam efetivamente contribuir para seu desenvolvimento," explicou Drechsler.

Ela também apontou como desafio a questão do transporte escolar, um problema comum em vários municípios do Estado. Lúcia destacou que, em Sorriso, mais de 4.500 estudantes dependem desse serviço, seja na zona rural ou nos distritos urbanos. Segundo ela, a principal dificuldade reside no atendimento aos alunos da sede, dada a necessidade de alinhar os horários do transporte escolar municipal com os oferecidos pelo governo estadual, buscando maximizar a eficiência desse serviço essencial.

Confira entrevista exclusiva ao

VGN – Secretária Lúcia Drechsler, quantas escolas o município tem hoje? E quantos alunos são beneficiados pela rede municipal?

Lúcia Drechsler - Ao todo, são 38 unidades escolares, atendendo cerca de 18 mil alunos em média. Considerando o crescimento anual da demanda em Sorriso, que é de aproximadamente 20%, é necessário construir muitas escolas.

VGN – O município de Sorriso conta com escola em tempo integral? Se sim, quantas unidades têm? E quais os principais desafios para mantê-las?

Lúcia Drechsler - Atualmente, contamos com seis unidades educacionais que oferecem atendimento em tempo integral a mais de 500 crianças. Os desafios são diversos, destacando-se a necessidade de profissionais preparados e a expansão das unidades escolares para atender à crescente demanda. Assim, precisamos aumentar o número de escolas, possibilitando mais vagas em tempo integral. Essa oferta abrange tanto distritos quanto a sede municipal, com especial atenção às unidades situadas em áreas de maior vulnerabilidade social.

VGN - Quais os avanços educacionais estruturais alcançados para atender os estudantes que estão no campo e em assentamentos?

Lúcia Drechsler - Temos empreendido esforços significativos para assegurar a equidade na escolarização e na qualidade da aprendizagem, tratando todos os estudantes de maneira igualitária. Implementamos um centro de formação contínua, abrangendo professores dos distritos e do campo. Iniciativas incluem programas de apoio psicológico e assistência social, visando especialmente as famílias que ainda não reconhecem a importância da educação formal. Por meio de uma atuação ativa, nossos assistentes sociais visitam tanto áreas rurais quanto urbanas, buscando aumentar a atenção às necessidades educacionais e reduzir a evasão escolar. Embora Sorriso atualmente não enfrente problemas de evasão escolar, persiste o desafio de conscientizar as famílias sobre a importância da frequência regular dos estudantes às aulas, especialmente em casos de impedimentos de saúde.

VGN – Secretária como são feitos esses transportes desses alunos que estão nos assentamentos e nessas comunidades?

Lúcia Drechsler - O transporte escolar representa um desafio significativo para todos os municípios, incluindo Sorriso, onde mais de 4.500 alunos são atendidos, abrangendo tanto as escolas regulares quanto as de tempo integral. Especificamente em áreas rurais e distritos, o transporte escolar é essencial e atende a todos os alunos de forma uniforme. Já na sede municipal, a complexidade aumenta devido à parceria com o Estado, que opera com horários diferenciados, exigindo do município uma adaptação para sincronizar com as necessidades estaduais.

VGN – O Governo do Estado ajuda o município financeiramente na questão do transporte escolar?

Lúcia Drechsler - Sim, recebemos apoio financeiro do Estado para o transporte escolar, embora acompanhado de exigências específicas. Contudo, o valor dessa ajuda é consideravelmente menor em comparação ao investimento total realizado pelos municípios.

VGN - Na questão de qualificação, quais foram os avanços no município, secretária?

Lúcia Drechsler - Desde 2018, os avanços na qualificação têm sido substanciais. Estabelecemos um centro de formação que atende mais de 1.300 professores a cada 15 dias, dedicando 4 horas por sessão, seja em períodos matutinos ou vespertinos. E para os mais de 700 auxiliares o encontro é mensal com duração de 2 horas. 

Essa formação continuada visa atender toda a rede municipal de ensino, incluindo avaliações diagnósticas por meio de programas específicos. Estas avaliações orientam os profissionais no combate às desigualdades educacionais, permitindo a criação de estratégias individualizadas para atender cada aluno em suas necessidades específicas, garantindo assim o direito ao aprendizado.

VGN - Como vocês têm lidado no município com a questão crescente de alunos autistas?

Lúcia Drechsler - Enfrentamos esse desafio em Sorriso com determinação. Atualmente, adaptamos várias de nossas salas de aula para acomodar crianças autistas, chegando a ter até quatro alunos autistas em uma mesma sala. Em determinadas situações, disponibilizamos dois a três auxiliares para apoiar o professor titular, adequando o atendimento conforme o nível de autismo da criança. Nosso objetivo é assegurar que todos os alunos, inclusive aqueles sem necessidades especiais acentuadas, recebam uma educação de qualidade, sem prejuízos no processo de alfabetização e aprendizado.

Estamos atentos às necessidades das crianças especiais, contabilizando mais de 350 alunos autistas, além de cerca de 1.500 crianças aguardando avaliação diagnóstica. Para auxiliar neste processo, implementamos o programa C-Mais, um centro profissional dedicado ao diagnóstico e suporte.

Adotamos uma abordagem inclusiva, com salas atendendo alunos de diversos graus de autismo, desde leves a severos, garantindo que nenhum aluno seja negligenciado. Reinventamos nossa abordagem pedagógica, incrementando o número de auxiliares e professores por sala. Identificamos casos de maior necessidade de suporte no aprendizado, dispondo de dois professores simultaneamente, além de um professor de leitura, para proporcionar a todos os alunos as condições necessárias para um aprendizado eficaz, respeitando a igualdade de oportunidades.

VGN – Secretária como o município trata a questão da Educação Religiosa nas escolas municipais?

Lúcia Drechsler - A disciplina de ensino religioso faz parte do nosso currículo e ela é vista com muito carinho. Ela não trabalha uma religião em especial, porém, trabalha valores, vivências, respeito para que as crianças possam vivenciar melhor em sociedade.

VGN - Violência. Como vocês têm lidado com estudantes mais agressivos, seja na questão psicológica ou integração com a família?

Lúcia Drechsler - Em resposta a esses desafios, desenvolvemos o programa "Fortalecendo Sonhos", que conta com cinco psicólogos dedicados a atender alunos que apresentam comportamentos como ansiedade, depressão, tendências violentas ou retraimento. Além disso, temos um assistente social envolvido diretamente no programa, reforçando nosso compromisso com a saúde mental dos estudantes. Paralelamente, ampliamos a presença de psicólogos nas escolas, alcançando já quatro unidades com esse suporte.

Além do "Fortalecendo Sonhos", instituímos o "Círculo de Paz" por meio de uma legislação municipal, programando suas atividades regularmente. Atualmente, oito profissionais especializados trabalham nesse programa, visitando todas as unidades escolares para promover a cultura de paz.

Reconhecemos que um ambiente escolar seguro e acolhedor contribui significativamente para o processo de aprendizagem. Quando os estudantes estão emocionalmente estáveis e abertos, eles aprendem melhor. Esse entendimento orienta nossos esforços, não apenas em benefício dos alunos, mas também dos profissionais e professores, garantindo que recebam o suporte necessário. Esse é um investimento substancial na comunidade escolar, abrangendo não apenas os alunos, mas também suas famílias, numa abordagem que valoriza o bem-estar coletivo como essencial para o sucesso educacional.

VGN – Secretária, sobre a militarização da educação, na sua visão, ela é inclusiva ou exclusiva, visto que nem todos os alunos têm condições de entrar para uma escola militar.

Lúcia Drechsler - A escola militar é uma opção que vejo positivamente e acredito ser benéfica para determinados alunos. Embora Sorriso possua apenas uma escola militar, que não atende à demanda de todas as famílias interessadas, reconheço seu valor enquanto projeto em fase de avaliação. A disciplina promovida por estas instituições é essencial para incutir valores necessários à formação de indivíduos e, consequentemente, à melhoria da sociedade.

VGN – A senhora acredita que a escola militar vai trazer isso? Não seria uma educação que viria de casa, não é uma transferência de responsabilidade?

Lúcia Drechsler - Entendo que a educação inicia-se no lar, porém as escolas desempenham um papel complementar fundamental, não apenas no ensino de conteúdos, mas também na promoção de valores como respeito, empatia e amor. As escolas militares, ao enfatizarem o civismo e a disciplina, auxiliam na incorporação desses valores, especialmente em contextos desafiadores enfrentados por alunos mais velhos, como violência e influência de drogas. Assim, a educação torna-se um esforço coletivo, fortalecido pela parceria entre escolas e famílias, visando a formação de cidadãos capazes de contribuir positivamente para a sociedade.

VGN - Como avalia a evolução educacional nos últimos tempos? E a União Nacional dos Dirigentes Municipais de Educação (Undime) tem contribuído desses avanços?

Lúcia Drechsler - A contribuição da Undime à evolução educacional tem sido significativa. Através de encontros que reúnem dirigentes dos 141 municípios, a Undime fomenta uma integração valiosa, possibilitando trocas de experiências e oferecendo palestras e oficinas. Essas iniciativas nos permitem assimilar tanto a perspectiva estadual quanto a nacional da educação, inspirando-nos a implementar melhorias pontuais em nossos municípios.

Nesse processo, percebemos avanços consideráveis. Os municípios, conscientes das necessidades de investimento em educação, têm intensificado seus esforços. Sorriso, em particular, destaca-se por seu engajamento robusto, com os profissionais da educação municipal compreendendo plenamente as exigências trazidas pela nova Lei do Fundeb, bem como a importância da equidade e qualidade educacional. Reconhecemos que a construção de uma educação de excelência é uma jornada coletiva, realizada em rede. Nesse sentido, a Undime tem desempenhado um papel crucial, promovendo a conexão e o desenvolvimento conjunto dos municípios, não só em Mato Grosso, mas em todo o Brasil, visando o crescimento contínuo da educação a nível nacional.

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