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Entrevista da Semana Sábado, 24 de Fevereiro de 2024, 18:00 - A | A

Sábado, 24 de Fevereiro de 2024, 18h:00 - A | A

Confira

Comandante-Geral da PM destaca avanços e ações da instituição militar em dois anos

Mendes ressalta o recompletamento do efetivo com o ingresso de mais de 500 profissionais na PM

Angelica Gomes /VGN

Com quase três décadas de carreira militar e uma vasta experiência profissional no comando de diversas unidades operacionais e administrativas na segurança pública de Mato Grosso, o coronel Alexandre Corrêa Mendes, nascido em Cuiabá e atual comandante da Polícia Militar do Estado, destacou em entrevista ao , as principais ações e avanços na segurança do Estado durante os últimos dois anos, período em que assumiu o cargo de alto escalão.

Entre esses avanços, Mendes enfatizou o reforço do efetivo com a admissão de mais de 500 profissionais na instituição e a retomada do Curso de Formação de Oficiais para bacharéis em direito. O coronel também mencionou marcos operacionais significativos, como a bem-sucedida Operação Canguçu, que desmantelou uma perigosa quadrilha de novo cangaço, além das Operações de Eleições e Carnaval, que descreveu como "extremamente exitosas".

Além disso, ele abordou a atuação da Polícia Militar em casos emblemáticos que ganharam destaque público no último ano, como o incidente em que dois militares estão sob investigação por supostamente liderarem a execução de um morador de rua em Rondonópolis, em dezembro de 2023, e o confronto entre dois policiais em São José do Rio Claro, resultando na morte de um sargento da PM e no suicídio de outro.

Sobre o projeto de autoria do deputado estadual Wilson Santos, que propõe o uso de câmeras nas fardas da PM, o coronel avaliou que o tema desperta mais paixões entre os defensores do projeto do que a razão, afirmando que, se comprovada cientificamente a eficácia das câmeras corporais na contribuição para a segurança cidadã e na redução dos índices criminais, ele seria o primeiro a apoiar sua implementação.

Mendes também criticou a atuação de uma escola de samba, a Vai-Vai, que apresentou no Sambódromo do Anhembi um enredo em homenagem aos 40 anos da cultura hip-hop no Brasil, incluindo uma ala composta por pessoas fantasiadas de policiais do Batalhão de Choque, usando chifres e asas vermelho-alaranjadas, uma representação que ele considerou questionável.

O coronel ainda questionou o uso de recursos públicos pela escola de samba para apresentar uma "arte questionável". Ele também esclareceu o pedido encaminhado ao Tribunal de Justiça para que a Polícia Civil não tenha autonomia para investigar ações penais da Polícia Militar, argumentando que tal atuação descumpriria a legislação processual militar, que atribui à Justiça Militar a competência para investigar crimes militares. "Nunca solicitamos absolutamente nada que não esteja previsto na legislação processual militar e cuja atribuição nos compete", enfatizou o coronel.

Confira a entrevista na íntegra:

VGN: Coronel, nos últimos dois anos, quais foram as principais ações, conquistas e avanços da Polícia Militar no Estado de Mato Grosso sob seu comando?

Coronel Mendes: Desenvolvemos muitas ações nas mais diferentes frentes. Um balanço, a essa altura, exigiria de mim uma profunda reflexão. Mas, de modo geral, me orgulho bastante da expansão das Escolas Tiradentes, tanto no interior do Estado, com as novas unidades, quanto na capital, com a ampliação e reestruturação da escola pioneira. Isso é prevenção primária.

Ainda, destaco o recompletamento do efetivo com o ingresso de mais de 500 profissionais e o retorno do Curso de Formação de Oficiais com os bacharéis em direito. Enfrentamos algumas lutas em nossa legislação previdenciária junto ao TCE. Em termos de atividade nas ruas, vivemos uma verdadeira revolução logística.

Hoje, certamente, somos uma das PMs mais bem equipadas do Brasil, e isso se reflete na segurança prestada. Destaco alguns marcos operacionais de muito sucesso, como a Operação Canguçu, que debelou uma forte quadrilha de novo cangaço; a Operação de Eleições; a Operação Carnaval, extremamente exitosa; enfim, tudo isso representa um esforço conjunto capitaneado pelo Sr. Governador Mauro Mendes e nosso secretário de segurança, Cel PM Roveri.

VGN: Como o senhor avalia a segurança pública do Estado hoje? É necessária mais atenção do Governo, equipamentos de trabalho, capacitação dos militares?

Coronel Mendes: A Segurança Pública é um assunto complexo, multidisciplinar e, não raro, controverso. Depende fundamentalmente da sensação de segurança das pessoas. Isso significa que posso ter um índice medido em números que seja excelente e, ainda assim, as pessoas se sentirem inseguras por conta de determinada ocorrência marcante numa comunidade específica. Eventualmente, um município pode sofrer com a guerra de facções e ter um elevado índice de homicídios, mas, paradoxalmente, as pessoas se sentem seguras porque aqueles crimes estão restritos àqueles que vivem do crime e participam das facções.

Portanto, fazer uma avaliação definitiva exige uma ampla pesquisa quantitativa, que envolve a série histórica dos delitos, bem como uma qualitativa, envolvendo o cidadão acerca de como ele experimenta essa realidade. Nossa experiência é de êxito na segurança pública, pois vários indicadores apontam queda. Dessa forma, não é exagero dizer que Mato Grosso é um Estado com elevada sensação de segurança de modo geral. Isso não quer dizer que não há pontos para evoluirmos, como o enfrentamento contínuo às facções e o desafio que elas levantam não só em Mato Grosso, mas no país.

VGN: Coronel, nos últimos tempos, nós ouvimos cada vez mais falar sobre a saúde mental dos Policiais Militares. Com quase 30 anos de experiência militar, o senhor acredita que, no cenário que vivemos, os militares têm enfrentado mais barreiras psicológicas para lidar com a rotina?

Coronel Mendes: Não é segredo que, enquanto profissionais de segurança pública, vivemos no limite. Nossa profissão envolve elevado estresse físico e emocional, exigindo uma estrutura mental tão forte quanto o corpo. Isso implica uma série de responsabilidades em relação ao estilo de vida, à alimentação e até mesmo à espiritualidade. Ou seja, todos precisamos aprender a cuidar mais de nós mesmos, pois somente assim poderemos cuidar do outro.

A Instituição faz o seu papel ao dispor os profissionais para atendimento terapêutico, promover eventos de saúde mental e realizar campanhas de prevenção. Criamos, em todos os comandos regionais, os núcleos de assistência psicossocial. Mas, devo dizer, o ser humano é um universo e, por vezes, somos surpreendidos com irmãos que perdemos para a depressão. Não desistiremos, contudo, de cuidar da tropa.

VGN: Recentemente, o senhor encaminhou um pedido ao Tribunal de Justiça para que a Polícia Civil não investigue ações penais da Polícia Militar. Por qual razão o senhor fez o pedido? Acredita que o trabalho da Polícia Civil não tenha capacidade ou que a Instituição não é imparcial nas investigações?

Coronel Mendes: Existe uma confusão, possivelmente devido a um desconhecimento técnico, sobre esse tema. É importante esclarecer: nunca solicitamos nada que extrapole o previsto na legislação processual militar, que nos atribui competências específicas. A legislação militar estabelece claramente que somos responsáveis por investigar certos crimes, e essa é uma obrigatoriedade. Nossa reivindicação é pelo restabelecimento da competência prevista no código de processo penal militar. Ignorar uma norma vigente por conta de interpretações divergentes, sem base legal, não é admissível. Assim, não questionamos a capacidade ou imparcialidade de A ou B, mas sim reafirmamos o exercício da 'polícia judiciária militar', como previsto em lei, em determinados casos penais.

VGN: Dois casos recentes envolvendo ações de policiais militares ganharam destaque na mídia: uma briga entre policiais que resultou em morte e suicídio dos envolvidos e o caso de um morador de rua morto por agentes militares. Como o comando geral tem lidado com esses casos?

Coronel Mendes: Esses são episódios cujas investigações e processos judiciais determinarão, com precisão, as motivações e responsabilidades. Agimos prontamente e sem corporativismo em ambas as situações. No episódio trágico em São José do Rio Claro, que resultou na perda de dois policiais, fiz questão de me fazer presente, dialogar com a equipe e adotar medidas que trouxeram impactos positivos ao clima organizacional, o qual continuamos a monitorar. Em Rondonópolis, destaco que a própria PM, em uma nota que redigi, apontou o envolvimento de militares nos acontecimentos, até então sem máculas em suas condutas.

VGN: Outros casos que também chamam a atenção no Brasil, inclusive com ocorrências recentes em Mato Grosso, são as execuções de policiais. Como o senhor avalia esses crimes e o trabalho da segurança pública nessas situações?

Coronel Mendes: Tratamos esse assunto com a devida seriedade e discrição, visando a eficácia de nossas ações. Os casos mencionados são rigorosamente estudados e monitorados pela nossa Diretoria de Inteligência.

VGN: Em outubro de 2023, a morte de um faccionado após fugir do presídio levou a homenagens por parte da população mato-grossense. O Deputado Estadual Wilson Santos comentou na imprensa que a segurança no Estado enfrenta grandes desafios com o avanço do crime organizado e a expansão das facções pelos municípios. Qual sua visão sobre essa declaração? Existe, de fato, uma expansão das organizações criminosas?

Coronel Mendes: O deputado chama a atenção para um problema que afeta todo o país. Desafiar as facções criminosas não é uma situação exclusiva de Mato Grosso. Esse é um problema nacional, e convido a todos, incluindo o deputado, a se unirem no combate a esse mal. A Polícia Militar está constantemente engajada em cumprir com seu dever.

VGN: O mesmo deputado propôs a implantação de câmeras nas fardas da Polícia Militar de Mato Grosso. O senhor acredita que esse projeto beneficiará a segurança pública e a população, ou trará dificuldades para o trabalho dos militares? Quais seriam os prós e contras?

Coronel Mendes: O tema das câmeras corporais é mais discutido do que propriamente analisado. Se nos dedicássemos a um estudo aprofundado, talvez constatássemos que investimentos em logística e capacitação são mais vantajosos do que a aquisição de equipamentos. As experiências onde as câmeras foram adotadas mostram custos com compra, manutenção e armazenamento, além de dilemas jurídicos sobre a gestão das imagens. Contudo, se estudos científicos comprovarem que as câmeras corporais efetivamente beneficiam a população e reduzem a criminalidade, sem dúvida serei um defensor dessa iniciativa.

VGN: Na semana de carnaval, uma escola de samba apresentou fantasias militares com temática demoníaca. Após a repercussão, a escola se retratou, alegando que o objetivo era homenagear um álbum dos Racionais e não manchar a imagem da PM. Qual sua opinião sobre o desfile e a retratação?

Coronel Mendes: Como diz o ditado, "uma vez que as penas são espalhadas pelo vento, é impossível recolhê-las". As imagens ficarão disponíveis, apesar das retratações. Recebo as desculpas com benevolência, esperando uma mudança de atitude por parte dos responsáveis. É questionável a utilização de recursos públicos para produções que, de alguma forma, desrespeitam a Polícia Militar. Isso levanta dúvidas sobre o verdadeiro conceito de arte, algo que deveria ser universalmente respeitado e aplaudido.

VGN: Para finalizar, o Coronel Mendes tem pretensões políticas para as eleições de 2024 ou 2026?

Coronel Mendes: Minha pretensão é cumprir com a missão que me foi confiada pelo Sr. Governador Mauro Mendes. Como mencionado na Bíblia, "Basta a cada dia o seu próprio mal". O futuro pertence a Deus.

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