Entidades dos Direitos Humanos denunciam incêndio criminoso contra as famílias do Pré-Assentamento Boa Esperança, situada no município de Novo Mundo (785 km ao norte de Cuiabá), região Norte de Mato Grosso, ocorrido desde o último sábado (12.09). O assentamento trata-se da antiga Fazenda Araúna, espólio de Marcelo Bassan.
Consta da denúncia, que segundo relato das famílias, o fogo “veio da sede da Fazenda Araúna em direção ao Pré-Assentamento e queimou praticamente tudo. No momento em que o Brasil pega fogo e todo mundo sente o ardor das labaredas, em Mato Grosso há séria suspeita de que grileiro de terras da União tenta assassinar dezenas de famílias com fogo.” Veja fotos abaixo
O documento assinado pelo Conselho de Defesa dos Direitos da Pessoa Humana de Mato Grosso- CDDPH e o Fórum de Direitos Humanos e da Terra-FDHT cita que não é a primeira vez que o fogo é utilizado como arma para destruição da natureza e para atingir as famílias.
“Há quase 10 anos que o FDHT, Comissão Pastoral da Terra-CPT e demais entidades de defesa dos Direitos Humanos vêm denunciando as mais diversas formas de violências sofridas por essas famílias por ações do grileiro Marcello Bassan, em muitas vezes com apoio e conivência do Estado. (...)Não é a primeira vez que o fogo é utilizado como arma para destruição da natureza e para atingir as famílias. Em outubro de 2015, Bassan ateou fogo em 80 casas das famílias”, cita trecho da denúncia.
Ao longo destes 10 anos, a área que pertence a União teve uma decisão da Justiça Federal de Sinop de 2019, confirmada pelo Tribunal Regional Federal da 1ª Região, obrigando o ocupante ilegal a desocupar a antiga Fazenda Araúna, mas o mesmo se recusa e, não conformado com a decisão da Justiça Federal, buscou na Justiça Estadual decisão para despejar as famílias.
Contudo, a desembargadora Clarice Claudino da Silva em decisão em sede de Mandado de Segurança suspendeu o despejo das famílias, afirmando que “o pleito foi formulado e acolhido num contexto em que a saúde da população em geral está sob ameaça grave e a imediata retirada das pessoas do local, sem dúvida alguma, implica riscos à incolumidade dos Impetrantes e das demais famílias que ali residem.”
Em nova tentativa de despejar as famílias, o ocupante ilegal teve seu pedido negado na última quarta-feira (16.09) por decisão do desembargador João Ferreira Filho.
As famílias realizaram diversos Boletins de Ocorrências na Polícia Civil de Guarantã do Norte, onde denunciam que o fogo veio da sede da Fazenda Araúna e que já haviam ‘boatos’ de que o ocupante ilegal da área “iria tacar fogo no local para queimar todos os moradores do assentamento”.
“Felizmente não houve nenhuma morte, mas grande destruição do meio ambiente, casas, plantações, cercas, extravio e morte de pequenos animais. 90% da área ocupada pelas famílias do Pré-Assentamento Boa Esperança (4.500 hectares) foi queimada.”
No documento, as entidades cobram do Governo do Estado e demais autoridades competentes medidas cabíveis para investigar e responsabilizar o atentado contra a vida de quase 300 pessoas.
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