O ex-governador Silval Barbosa (PMDB), presta depoimento neste momento à juíza da Sétima Vara Criminal de Cuiabá, Selma Rosane Santos Arruda, na ação penal originária da operação Sodoma III, onde é acusado de liderar organização criminosa que desviou mais de R$ 15,8 milhões por meio da desapropriação fraudulenta de um imóvel localizado na Capital.
Silval é acusado pelo Ministério Público Estadual (MPE) de liderar um grupo criminoso, composto por 17 pessoas, com o propósito de obterem vantagem indevida no valor de R$ 15.857.125,50, por meio da desapropriação de um imóvel que corresponde ao bairro Jardim Liberdade, em Cuiabá, paga em 2014 na gestão do peemedebista.
A denúncia aponta que Silval autorizou o pagamento de R$ 31,7 milhões pela área, sendo que R$ 15,8 milhões teriam retornado pela suposta organização criminosa, chefiada pelo ex-governador, através de uma empresa de assessoria e organização de eventos.
Conforme depoimento do ex-secretário Pedro Nadaf, que também é réu na ação, dos R$ 15,8 milhões que retornaram, R$ 10 milhões ficaram com o ex-governador para pagamento de uma dívida com empresário Valdir Piran (que também é réu no processo). Já o restante, teria sido dividido entre os demais participantes, no caso, ele (Nadaf), os ex-secretários Marcel de Cursi, Arnaldo Alves de Souza Neto, Afonso Dalberto e o procurador aposentado Francisco Gomes de Andrade Lima Filho - o Chico Lima (todos réus no processo).
Além deles, respondem ao processo: o ex-chefe de gabinete de Silval, Silvio Cezar Corrêa Araújo; os empresários Antônio Rodrigues Carvalho, Alan Malouf; o advogado Levi Machado de Oliveira e o ex-presidente da Companhia Mato-grossense de Mineração (Metamat), João Justino Paes de Barros.
Atualizada às 16h05min - Em depoimento, Silval afirma que a desapropriação foi feita na intenção de saldar uma dívida com o empresário Valdir Piran. Segundo ele, Nadaf afirmou na época que a desapropriação estava com decisão judicial para a desapropriar o local, e que inclusive já estava com o valor de R $ 31,8 milhões.
"O Pedro me informou que o dono da área já tinha aceitado pagar o retorno de 50% do valor, e que nesse processo seria possível pagar a dívida de R$ 10 milhões que tínhamos com o Piran. Quero ressalta que todo o processo foi feito pelo Pedro Nadaf e Chico Lima. O Chico fiquei sabendo que estava tratando do assunto com o dono da área" relatou.
O peemedebista disse que falou para os ex-secretários Arnaldo Alves e Marcel de Cursi para tratarem com prioridade o assunto da desapropriação já que o dinheiro recebido seria usado para quitar o débito com Piran. "O Nadaf disse que daria para reajustar o valor da desapropriação e assim ajudar alguns secretários", revelou.
O ex-governador afirma desconhecer porque Nadaf e Chico Lima utilizaram a empresa de Filinto Muller para receber o dinheiro da desapropriação, sendo que Piran tinha uma empresa de fomento à qual poderia ser usado para receber os R$ 15 milhões do grupo.
No depoimento, ele revela que do dinheiro recebido pelo grupo além dos R$ 10 milhões repassados ao Piran, outros R$ 200 mil para o jornalista Antônio Carlos Millas do Centro Oeste Popular, e R$ 200 mil para pagar dívida com o empresário Alan Malouf.
Silval declara que Silvio César Correa não recebeu propina no processo de desapropriação, e que apenas acompanhou o processo. "Nunca fizemos extorsão. O empresário fez porque viu que receberia alguma vantagem. Nesse caso, eu nem sabia dessas simulações de contratos. Foi feita entre o empresário e eles".
O ex-gestor nega qualquer conhecimento referente a coação feita por Marcel ao empresário Antônio Rodrigues, e que desconhece o negócio de João Justino na aquisição de ouro no norte do Estado, como participação de Justino no negócio da desapropriação.
"Mas com relação a essa compra de ouro para o Pedro Nadaf e Marcel de Cursi, quero dizer que em lugar nenhum na região norte se compra ouro com desvalorização de 30%. Eu já trabalhei com isso lá, se ele fez isso, venderam ouro falso para ele”.
Atualizada às 16h19min - Silval detalha sobre o pagamento de R$ 200 mil ao jornalista Antônio Carlos Millas. Segundo ele, Millas cobrava o pagamento de em torno de R$ 800 mil em forma de extorsão para que o jornalista não denunciasse supostas irregularidades no governo, entre elas a desapropriação da área Jardim Liberdade.
Sobre a dívida de Malouf, o peemedebista disse que é relacionado ao serviço de buffet prestado pela empresa de Alan na campanha eleitoral de 2010.
O ex-gestor aponta que da desapropriação Pedro Nadaf recebeu R$ 600 mil, e negou desconhecer valores a outros secretários. "Isso foi o Pedro que tratou. Eu não determei nada nesse sentido. Eu tratei que precisa dos R$ 10 milhões para pagar a dívida que eu tinha".
Atualizada às 16h39min - O ex-governador disse que Nadaf, Marcel de Cursi, Chico Lima, Arnaldo Alves e Afonso Dalberto sabiam da propina na desapropriação da área.
Silval disse que Nadaf é sensaciolista e que jamais o empresário Valdir Piran teria tentado agredi-lo no Palácio Paiguais. "Ele (Piran) tomava bastante remédios. Quando cheguei na sala ele estava alterado. Eu disse que não atenderia ele naquele momento e sai. Fiquei sabendo que ele caiu da cadeira".
Atualizada às 16h47min - Em relação à dívida com Malouf, Silval declarou que o empresário sabia que não teria como ser paga licitamente. "Imagino que ele sabia que receberia só por meio de propina. Licitamente não tinha como pagar o valor que no total era de R$ 1 milhão", destacando que a dívida é referente o serviço de buffet feito pela empresa Leila Malouf na posse de Silval em 2011.
Atualizada às 16h59min - Durante o depoimento o ex-governador negou qualquer acordo de delação premiada e que está atualmente com a postura de "réu confesso". "Eu estou com a postura de assumir meus crimes. Tudo que fiz e participei vou assumir aqui perante a justiça", garantiu.
Mais informações em instantes.
Entre no grupo do VGNotícias no WhatsApp e receba notícias em tempo real (CLIQUE AQUI).