A presidente da Associação Brasil de Moradores Sem Teto, Debora Brasil, criticou o coronel Alexandre Mendes, comandante geral da Polícia Militar, por usar uma situação isolada para criminalizar as famílias do assentamento conhecido como Ocupação Brasil 21, localizada no Contorno Leste, em Cuiabá. Ela também enfatizou que o proprietário da área deve milhões à Prefeitura de Cuiabá.
“As pessoas do Brasil 21 não podem ser despejadas dessa forma. Há dívidas milionárias naquela área. A pessoa que alega ser dona da área deve milhões ao município. Não paga IPTU há anos. Temos como provar isso. Então há algo de errado”, declarou a presidente da Associação.
Sobre o vídeo divulgado pelo comandante, com um comentário irônico sobre uma casa construída com piscina na Ocupação Brasil 21, Debora Brasil afirma que se trata de um fato isolado. “Tirou uma foto e está publicando e replicando por todas as redes sociais para criminalizar o movimento. A piscina foi um fato isolado, não é mansão, não há casas de luxo lá. Se alguém usou de má-fé em cima da nossa luta, essa pessoa tem mais a perder. Ela não vai conseguir manchar a luta de 400 famílias e de crianças desabrigadas”, declarou Debora.
A representante afirma que a Ocupação Brasil 21 não separa o joio e o trigo: “Infelizmente há pessoas de má-fé que se infiltram. Quando procuram a associação e falam: Débora, estou sem onde morar, estou despejada, eu não tenho para onde ir, meu marido me bateu, me largou. Tem algum lugar aqui para ficar. A gente oferece, sim, não temos venda de lote, abrigamos as pessoas. Convidamos ela a também participar da luta. Quem tem dinheiro não está aqui, não está indo com Polícia não. Quem tem dinheiro não tem essa necessidade.”
Sobre supostas casas financiadas por facções criminosas, Debora Brasil desafia provarem. Segundo ela, os verdadeiros criminosos não se trata da classe trabalhadora, mas do colarinho branco. “O criminoso do país é do colarinho branco. Somos a classe humilde e trabalhadora. Somos pobres lutando por moradia e dignidade, saúde, educação e lazer. Não vou defender piscinas, mas não sabemos a história daquela pessoa também. É um ano e quatro meses de luta. Hoje eu posso não ser nada, mas se amanhã passo num concurso, daqui a um ano sou uma pessoa estabilizada, eu não vou poder ter uma piscina na minha casa.”
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