O secretário de Infraestrutura e Logística (Sinfra), Marcelo de Oliveira, discordou da própria pasta que comanda sobre a construção de um túnel no Portão do Inferno como nova alternativa após as obras de retaludamento, que incluíam a derrubada dos paredões, terem sido descartadas. Ele conversou com a imprensa nesta sexta-feira (18.07) e disse que o projeto continua sendo analisado.
No fim do mês passado, a Sinfra anunciou mudança no projeto da obra entre Cuiabá e Chapada dos Guimarães, a 64 km da Capital. A proposta foi substituída pela construção de um túnel após inconsistências no solo serem identificadas durante os primeiros estudos técnicos.
Ao ser questionado sobre como estaria o andamento das documentações do possível túnel, o secretário reagiu: "Quem que falou em túnel? Eu não falei, não sei ainda. Talvez dentro de 15, 20 dias a gente tenha a resposta".
O secretário também afirmou que a expectativa é que o edital de licitação para contratação da empresa responsável pelo projeto seja lançado em agosto. Entretanto, Marcelo diz que ainda é necessária a aprovação do projeto definitivo. "Eu ainda não tenho solução definitiva. Pode ser que não seja", disse.
Marcelo de Oliveira criticou as burocracias dos órgãos ambientais para destravar obras no local.
"Tudo ali é problema. É só você pegar o ICMBio, Iphan e o Ibama. Ali é um parque nacional, ali tudo é problema. O licenciamento, não pode fazer implantação de material, não pode colocar vegetação que não é nativa", criticou o secretário.
Desmoronamentos
Em dezembro de 2023, duas quedas de rochas em menos de 24 horas levaram o governo estadual a decretar emergência na região. A intervenção incluiu o retaludamento, técnica usada para prevenir deslizamentos de terra, além da remoção controlada do maciço rochoso e construção de taludes.
Durante os períodos de chuva, a rodovia MT-251 frequentemente precisa ser interditada por risco de novos desmoronamentos, isolando temporariamente o município de Chapada dos Guimarães.
Para executar o retaludamento, o governo enfrentou um processo demorado de obtenção de licenças ambientais, que levou meses. Caso o governo opte pela construção de um túnel, o geólogo Caiubi Kuhn alerta que o projeto terá que recomeçar do zero, exigindo novas autorizações ambientais.
Resumo das Contradições
Junho 2025: Governo anuncia oficialmente mudança para túnel;
Julho 2025: Apesar do anúncio oficial de junho sobre o túnel, há contradições nas declarações oficiais. O secretário nega conhecimento sobre túnel e questiona quem teria falado sobre isso;
Histórico: Túnel já havia sido estudado desde 2017, mas foi descartado em favor do retaludamento;
Custos: Mais de R$ 9 milhões já gastos em projeto inviável.
O trânsito na MT-251 foi bloqueado diversas vezes, obrigando motoristas a utilizarem rotas alternativas com até 150 quilômetros de percurso
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