Em entrevista nesta quinta-feira (17.07), o prefeito de Cuiabá, Abílio Brunini, detonou a educação municipal e disparou ataques frontais contra sindicatos, professores e o que chamou de "classes militantes". O gestor foi além da crítica e ameaçou privatizar progressivamente o ensino público da capital.
Brunini sugeriu abertamente que seria "mais viável encaminhar as crianças à rede privada de ensino" — uma medida que, segundo ele, seria "mais econômica" e proporcionaria "desempenho educacional muito melhor" que o atual sistema público.
O prefeito justificou a provocação com números alarmantes. Cuiabá investe R$ 1 bilhão por ano na educação (R$ 13.300 por aluno — valor superior ao de muitas escolas privadas), mas ocupa o 19º lugar no ranking nacional das capitais. O resultado, segundo ele, 46% das crianças ingressam na rede estadual sem dominar o básico de matemática ou português, e quase 50% não são alfabetizadas na idade correta.
“Se você perguntar na rede estadual quanto é 4 × 4 — operação básica que deveria ser assimilada até o 5.º ano da educação infantil — as crianças não sabem a resposta”, exemplificou.
Em tom provocador, Brunini não poupou os sindicatos, classificando-os como "ótimos para cobrar direitos, mas péssimos para apresentar resultados". A artilharia pesada veio em seguida: ele citou relatórios que apontariam "um conjunto significativo de fraudes" na gestão escolar anterior.
Brunini fez ameaça direta. "Se a educação de Cuiabá não melhorar seus resultados, pretendo, daqui para frente, intensificar as parcerias com a iniciativa privada e reduzir progressivamente as relações com sindicatos e militantes que comprometem a qualidade do ensino."
Professores na mira
O prefeito também mirou nos professores, acusando alguns de tratarem "a sala de aula como espaço de recreação", onde o tempo dos alunos seria desperdiçado em "brincadeiras". A resposta será dura: avaliação rigorosa dos professores e eliminação das "notas simbólicas" que permitem aprovação automática.
Ao ser questionado pela imprensa sobre se a responsabilidade por esse quadro educacional recai exclusivamente sobre os professores — e não sobre o sistema de aprovação automática —, o prefeito enfatizou que a Prefeitura não promoverá a passagem de ano dos alunos que não atingirem a nota mínima exigida, eliminando as chamadas “notas simbólicas”.
O ataque acontece em meio a tensões sobre o pagamento do terço constitucional aos professores. Brunini culpou a gestão anterior pela Lei Orçamentária que não incluiu o benefício, alegando que foi aprovada contra sua orientação devido a "interesses em emendas parlamentares".
Com R$ 100 milhões destinados à reforma de escolas, o prefeito deixou claro que a era da complacência acabou.
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