O presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Joaquim Barbosa, recebeu como resposta às suas ações arbitrárias o isolamento do mundo jurídico – por parte de juízes e advogados –, de intelectuais e até da sociedade civil. Juristas que são referências em suas áreas e presidentes de entidades de classe da magistratura já demonstraram nos últimos dias repúdio contra decisões do chefe do Judiciário, as quais consideram "políticas", "inconstitucionais" e até mesmo comparáveis ao "coronelismo".
Por unanimidade, a Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), presidida por Marcus Vinícius Furtado Coelho, aprovou um pedido de investigação sobre a conduta de Barbosa nesta segunda-feira 25. Em nota, a entidade máxima da advocacia cobra do Conselho Nacional de Justiça (CNJ) a apuração de irregularidade na substituição do juiz Ademar Silva de Vasconcelos, da Vara de Execuções Penais do Distrito Federal, que estaria, segundo Barbosa, sendo "benevolente" demais com os condenados da Ação Penal 470.
Críticas duras vieram principalmente de presidentes das entidades da magistratura. Para João Ricardo dos Santos Costa, eleito no domingo novo presidente da Associação dos Magistrados do Brasil (AMB), o afastamento do juiz do DF foi um "canetaço" (leia aqui). "Pelo menos na Constituição que eu tenho aqui em casa não diz que o presidente do Supremo pode trocar juiz, em qualquer momento, num canetaço", afirmou, lembrando que não havia "indício ou informação de qualquer irregularidade" por parte do magistrado afastado.
Por meio de nota em que cobra explicações do ministro, a presidente da Associação Juízes para a Democracia, Kenarik Boujikian compara o ato ao "coronelismo judiciário", termo que se mostra adequado, segundo ela, caso fique comprovada a pressão de Barbosa para a substituição de Vasconcelos. Em nota enviada ao 247, o presidente da Associação dos Juízes Federais (Ajufe), Nino Toldo, ressalta que "é preciso analisar as circunstâncias em que houve a troca de juízes", mas afirma que "de qualquer modo, nenhuma pressão pode haver sobre o magistrado, sob pena de se ferir a autonomia da magistratura".
Na semana passada, um manifesto de repúdio a Joaquim Barbosa já havia sido assinado por dezenas de juristas, intelectuais e personalidades da sociedade civil. Alguns dos que condenam a forma de execução das prisões de parte dos réus da Ação Penal 470 – feitas no feriado de Proclamação da República, transferindo todos os condenados para Brasília em um avião da FAB e sob uma decisão monocrática – são Celso Bandeira de Mello, Dalmo de Abreu Dallari, Fernando Morais, Eric Nepomuceno, Wanderley Guilherme dos Santos e Marilena Chauí (leia mais em Juristas e intelectuais gritam contra AI-5 de JB).
Parece que, no momento, apenas a grande mídia está ao lado do chefe do Judiciário, que mais demonstra ter um perfil de vingador do que de alguém que representa a Justiça suprema de um país democrático. Até quando, não se sabe.
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