Durante discurso na sede da Interpol, na França, nesta segunda-feira (09.06), o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) fez um alerta direto: o crime organizado já está infiltrado em várias áreas da sociedade, incluindo a política, o Judiciário, o futebol e até o mundo da cultura. Segundo ele, essas organizações funcionam como “verdadeiras empresas multinacionais do crime”, com poder, dinheiro e influência que atravessam fronteiras.
A fala ocorreu durante visita à sede da Interpol, a principal organização internacional de polícia. Lula esteve no local para prestigiar o delegado brasileiro Valdecy Urquiza, eleito secretário-geral da entidade, um feito inédito que foi classificado como motivo de orgulho nacional.
Segundo o presidente, o combate ao crime hoje é mais complexo do que nunca. “O crime organizado você não enfrenta uma simples quadrilha. Você não enfrenta uns simples grupos. São verdadeiras empresas multinacionais que estão envolvidas dentro das empresas, estão envolvidas na política, estão envolvidas no judiciário, estão envolvidas no futebol, estão envolvidas em toda parte da cultura”, disse.
A preocupação do presidente ganha ainda mais relevância diante de debates recentes em Mato Grosso, onde já há sinais de alerta entre autoridades e parlamentares sobre a possível entrada do crime organizado na política local. A influência de grupos criminosos em campanhas eleitorais, financiamento irregular e pressão sobre decisões políticas têm sido temas de discussão entre líderes do Estado.
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Crime transnacional e meio ambiente
Lula também destacou que o crime organizado atua em outras frentes, como o tráfico de drogas, armas, exploração sexual, lavagem de dinheiro e crimes ambientais. Segundo ele, as ações do governo para enfrentar essas práticas têm ganhado força, como o aumento da presença da Polícia Federal em outros países e a criação de centros de cooperação na região amazônica.
Em 2023, a Polícia Federal apreendeu mais de 250 milhões de dólares em bens de acusados de crimes ambientais e inutilizou maquinários de garimpo ilegal avaliados em outros 60 milhões de dólares. O Brasil também tem atuado em parceria com a França para combater o tráfico ilegal de ouro e mercúrio na fronteira.
Tecnologia e abuso infantil
O presidente destacou ainda a importância do combate a crimes cibernéticos, como fraudes bancárias e abuso sexual infantil online, temas que têm sido prioridade da nova Diretoria de Crimes Cibernéticos da Polícia Federal, criada em seu governo.
Para Lula, nenhum país conseguirá enfrentar sozinho o crime transnacional. Por isso, reforçou que a cooperação internacional, como a exercida pela Interpol, precisa ser uma prioridade de todos os governos. “Estamos diante de um desafio global. Assim como o clima e a segurança digital, combater o crime exige união entre países”, afirmou.
Ao final, o presidente fez questão de elogiar o delegado Valdecy Urquiza, agora à frente da Interpol, e disse que a conquista mostra que “não existe nada impossível quando se trabalha com dedicação e propósito”.
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