A deputada Janaína Riva (MDB) fez duras críticas ao secretário-chefe da Casa Civil de Mato Grosso, Fábio Garcia, acusando-o de boicotar o pagamento de suas emendas parlamentares. A manifestação ocorreu após o deputado Valdir Barranco (PT) levantar a discussão sobre o tema. O pronunciamento contundente da parlamentar foi feito durante a sessão desta quarta-feira (30.04), na Assembleia Legislativa de Mato Grosso (ALMT).
“Presidente, eu só gostaria aqui de reiterar o seguinte. O deputado Valdir Barranco trouxe a público essa discussão acerca das emendas. Eu quero dizer à vossa excelência: as emendas são um direito dos 24 deputados”, afirmou Riva, apontando o que classificou como uma situação “muito constrangedora”.
Vai pagar cada centavo das minhas emendas. E se não pagar, vai me enfrentar com muita força aqui na Assembleia de uma forma que ele nunca viu
A deputada relatou que um prefeito do interior do Estado teria procurado o senador Jayme Campos (União) para intermediar a troca de emendas, devido à ausência de recursos específicos. Segundo ela, ao tentar esse encaminhamento, o senador foi até o secretário Fábio Garcia, que teria, na frente de várias pessoas, se recusado a liberar os recursos da parlamentar.
“Pasmem, na frente de uma roda enorme, [ele disse] o seguinte: ‘as emendas da Janaína eu não vou pagar’”, declarou a deputada. Em resposta, Riva subiu o tom e enviou um recado direto ao secretário: “Quero dizer uma coisa ao secretário Fábio Garcia: vai pagar cada centavo das minhas emendas. E se não pagar, vai me enfrentar com muita força aqui na Assembleia, de uma forma que ele nunca viu. Porque esse é um direito que foi me dado nas urnas.”
Ela acusou Garcia de perseguição política e afirmou que o secretário estaria tentando usar recursos públicos para esse fim: “Se ele quer me perseguir de alguma forma, que ele use aquilo que é dele, é pessoal. Ele não vai usar dinheiro público para perseguir deputado. E eu não tenho medo dele, nem do governador e de nenhum secretário.”
Janaína também criticou a postura de Garcia em relação a outros parlamentares. "Ele está achando que vai me fazer aqui de palhaça. Eu sou a deputada mais votada desse Estado, a única mulher e ele que vem com ameaçazinha para cima de mim. Fez comigo, fez com Catanni, fez com Lúdio, fez com Barranco. Ele não sabe o que ele vai enfrentar aqui na Assembleia.”
A deputada se disse indignada com o que vê como uma tentativa de intimidação e desvalorização do parlamento estadual: “Tá achando que a Assembleia é o quê? Que é um puxadinho do Estado? Tá achando que a Assembleia é feita só de pau mandado? Eu não sou pau mandada. E da minha emenda vai pagar cada centavo. Cada centavo.”
Durante o discurso, Riva também se dirigiu ao deputado Carlos Avallone (PSDB), presidente de comissão relevante na Casa, reiterando que fiscalizará de perto cada valor não pago. “Avallone, então, estou registrando aqui: cada centavo que não pagar eu vou atrás”, declarou.
Em um dos momentos mais duros do discurso, Janaína cobrou respeito. "Esse tipo de chantagem barata, ridícula e feita nas costas... Seja homem! Fala isso para mim, que eu não gosto de molecagem, ameaçazinha, faz lá para as suas negas, faz para lá. Não vem aqui fazer para mim. Eu não aceito esse tipo de ameaça.”
Ela ainda denunciou, de forma crítica, o uso suposto de verbas públicas para fins eleitorais por parte de membros do Executivo. “Ficar fazendo campanha de deputado federal com o dinheiro do Estado. Todo mundo que chega pra falar comigo: ‘me prometeu três milhões, me prometeu quatro milhões, me prometeu cinco de dinheiro do Estado’. Opa, peraí. E nós aqui só assistindo?”
Ao encerrar o discurso, Janaína reiterou que não aceitará mais ameaças ou chantagens políticas: “Como mulher, como deputada, não pense que vai me fazer de otária. Não pense.”
Outro lado
A reportagem do 
tentou entrar em contato com o secretário-chefe da Casa Civil de Mato Grosso, Fábio Garcia, para ouvi-lo após as acusações feitas pela deputada Janaina Riva, durante seu discurso na sessão ordinária desta quarta-feira (30). Contudo, o secretário não atendeu a ligação e nem as mensagens de texto. O espaço permanece aberto para manifestação.
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