O governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) endureceu o tom e cobrou nessa terça-feira (15.07) uma resposta oficial dos Estados Unidos para tentar reverter a decisão de impor uma tarifa de 50% sobre todos os produtos exportados pelo Brasil. A medida, anunciada pelo governo norte-americano no último dia 09 de julho, entra em vigor em 1º de agosto e ameaça impactar fortemente setores estratégicos da economia nacional.
Em carta enviada ao secretário de Comércio dos EUA, Howard Lutnick, e ao representante de Comércio, Jamieson Greer, o vice-presidente e ministro do Desenvolvimento, Geraldo Alckmin (PSB), e o ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira, expressaram a “indignação” do Brasil com a medida. No documento, o governo ressalta que a tarifa põe em risco uma parceria comercial construída ao longo de mais de dois séculos entre os dois países.
“O comércio sempre foi um dos pilares mais importantes da cooperação e da prosperidade entre Brasil e Estados Unidos”, destaca o texto. O governo brasileiro também relembra que acumula déficits comerciais bilionários com os EUA há pelo menos 15 anos — cerca de US$ 410 bilhões no período, segundo dados oficiais.
Para tentar contornar o impasse, o Brasil afirma ter enviado, ainda em maio, uma proposta confidencial aos norte-americanos, apontando áreas de negociação para chegar a uma solução. Até agora, porém, não houve resposta.
“O Brasil permanece pronto para dialogar e negociar uma saída que preserve e aprofunde o relacionamento histórico entre os dois países”, reforça o governo, destacando a urgência de uma resposta de Washington para evitar prejuízos maiores.
O Ministério das Relações Exteriores e o Ministério do Desenvolvimento mantêm conversas para tentar reverter a decisão antes que as novas tarifas passem a valer no início de agosto.
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Envio de carta sobre tarifas dos Estados Unidos
No contexto do anúncio por parte do Governo norte-americano da imposição de tarifas contra exportacões de produtos brasileiros para os EUA, o Vice-Presidente e Ministro do Desenvolvimento, Geraldo Alckmin, e o Ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira, enviaram ontem, dia 15 de julho, carta ao Secretário de Comercio dos EUA Howard Lutnick e ao Representante de Comércio dos EUA, Jamieson Greer, nos seguintes termos:
1. O Governo brasileiro manifesta sua indignação com o anúncio, feito em 9 de julho, da imposição de tarifas de importação de 50% sobre todos os produtos exportados pelo Brasil para os Estados Unidos, a partir de 1° de agosto. A imposição das tarifas terá impacto muito negativo em setores importantes de ambas as economias, colocando em risco uma parceria econômica historicamente forte e profunda entre nossos países. Nos dois séculos de relacionamento bilateral entre o Brasil e os Estados Unidos, o comércio provou ser um dos alicerces mais importantes da cooperação e da prosperidade entre as duas maiores economias das Américas.
2 . Desde antes do anúncio das tarifas recíprocas em 2 de abril de 2025, e de maneira contínua desde então, o Brasil tem dialogado de boa-fé com as autoridades norte-americanas em busca de alternativas para aprimorar o comércio bilateral, apesar de o Brasil acumular com os Estados Unidos grandes déficits comerciais tanto em bens quanto em serviços, que montam, nos últimos 15 anos, a quase US$ 410 bilhões, segundo dados do governo dos Estados Unidos. Para fazer avançar essas negociações, o Brasil solicitou, em diversas ocasiões, que os EUA identificassem áreas específicas de preocupação para o governo norte-americano.
3. Com esse mesmo espírito, o Governo brasileiro apresentou, em 16 de maio de 2025, minuta confidencial de proposta contendo áreas de negociação nas quais poderíamos explorar mais a fundo soluções mutuamente acordadas.
4. O Governo brasileiro ainda aguarda a resposta dos EUA à sua proposta.
5. Com base nessas considerações e à luz da urgência do tema, o Governo do Brasil reitera seu interesse em receber comentários do governo dos EUA sobre a proposta brasileira. O Brasil permanece pronto para dialogar com as autoridades americanas e negociar uma solução mutuamente aceitável sobre os aspectos comerciais da agenda bilateral, com o objetivo de preservar e aprofundar o relacionamento histórico entre os dois países e mitigar os impactos negativos da elevação de tarifas em nosso comércio bilateral.
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