O empresário Antônio Carlos Camilo Antunes, conhecido como Careca do INSS, prestou depoimento nesta quinta-feira (25.09) à Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS), no Congresso Nacional. Ele é apontado como um dos principais investigados da Operação Sem Desconto, que apura fraudes em consignados de aposentados e pensionistas.
Antunes afirmou ser vítima de “calúnias, mentiras e narrativas fantasiosas” criadas por desafetos e reproduzidas pela imprensa. Disse que sempre colaborou com as autoridades, entregou o passaporte, manteve endereços atualizados e compareceu a todos os atos em que foi intimado. Ainda assim, classificou sua prisão preventiva como uma medida “extremamente grave e equivocada”, baseada em “premissas mentirosas”.
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Segundo o empresário, a prisão decorreu de acusações de um ex-parceiro comercial, que teria furtado veículos de sua propriedade e, posteriormente, feito denúncias falsas à Polícia Federal, afirmando que ele tentava obstruir investigações. “Jamais obstruí qualquer apuração. Desde o início constituí uma defesa técnica para manter diálogo constante com os órgãos de persecução”, declarou.
Antunes também criticou a construção do personagem “Careca do INSS”, que, segundo ele, foi criado artificialmente por inimigos para associá-lo a crimes previdenciários. Disse que sua trajetória de mais de 40 anos como empresário é marcada por trabalho no setor privado e nunca teve relações contratuais com o poder público.
Em relação à sua empresa Prospect, citada como pivô das investigações, explicou que ela foi aberta em 2022 e presta serviços de consultoria, assessoria, treinamentos, organização de eventos, produção de vídeos, softwares e teleatendimento. Destacou que a companhia tem contabilidade regular, contratos formais e cumpre todas as obrigações fiscais e trabalhistas. Também negou participação da esposa e de quase todos os filhos na gestão, afirmando que apenas o primogênito integrou o quadro societário.
Para sustentar sua versão, o empresário afirmou que entregará à Polícia Federal mais de 180 GB de documentos, o equivalente a 18 milhões de páginas, que comprovariam a efetiva prestação de serviços da Prospect a diversas associações. Entre eles, estariam contratos de clube de benefícios, descontos em farmácias conveniadas, cursos e seguros funerários oferecidos a aposentados.
Antunes frisou que não era responsável por recrutar associados nem pelos descontos nos benefícios previdenciários, atribuindo essa responsabilidade exclusivamente às associações contratantes. “Se houve desconto indevido, cabe apuração contra as entidades que incluíram pessoas sem anuência. Minha empresa apenas prestava os serviços”, argumentou.
Em tom político, defendeu que a CPMI contribua para “aprimorar a pauta da Previdência” e criar critérios mais rigorosos de segurança na filiação de associados. Também destacou o papel de sindicatos e entidades representativas e disse que o governo precisa dar respostas concretas aos aposentados.
No encerramento, Antunes reafirmou sua disposição em responder às perguntas dos parlamentares, mas impôs uma ressalva: não aceitaria questionamentos do relator da CPMI, a quem acusou de tê-lo chamado de “ladrão dos aposentados” em sessão anterior, sem direito de defesa. Para ele, essa postura configuraria quebra da imparcialidade.
“Quero que a verdade prevaleça. O rótulo de Careca do INSS não reflete quem sou nem minha trajetória. Sou um empreendedor, que sempre atuou no setor privado e jamais viveu de dinheiro ilícito”, concluiu.
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