O Brasil assume, pela quarta vez, a Presidência da Cúpula dos BRICS — bloco que reúne Brasil, Rússia, Índia, China, África do Sul e, mais recentemente, seis novos membros: Egito, Etiópia, Indonésia, Irã, Emirados Árabes Unidos e Arábia Saudita. No mesmo período em que a ONU celebra seus 80 anos, completados em 26 de junho, o presidente Lula alertou, em discurso, para o “colapso sem paralelo” da organização.
Pela primeira vez na história das cúpulas, nem o presidente da China, Xi Jinping, nem o presidente da Rússia, Vladimir Putin, participaram presencialmente. Putin se conectou por videoconferência, devido ao mandado de prisão internacional que pesa contra ele; Xi alegou “conflitos de agenda” e enviou o primeiro-ministro Li Qiang como representante. A ausência de ambos evidencia problemas de coesão interna e o enfraquecimento da influência original do grupo.
Em documento conjunto e na cerimônia de abertura do evento, os líderes dos BRICS reforçaram a importância de preservar o multilateralismo — fundamento da ONU desde 1945 — e criticaram as tarifas protecionistas impostas pelos Estados Unidos, sem mencionar diretamente o ex-presidente Donald Trump. O texto também condenou os ataques militares contra o Irã e denunciou o uso da “fome como arma de guerra” em Gaza, classificando tal prática como uma violação do direito internacional.
Sob sua Presidência rotativa, o Brasil optou por priorizar temas menos controversos, como a cooperação em saúde global, comércio, inteligência artificial, clima, segurança, governança institucional e o uso de moedas locais nos intercâmbios comerciais. O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, defendeu a criação de um imposto sobre os super-ricos para financiar políticas de combate às desigualdades e às mudanças climáticas, além da implementação de um IVA progressivo na reforma fiscal em curso.
Os BRICS defendem reformas estruturais no Conselho de Segurança da ONU, no Fundo Monetário Internacional (FMI) e no Banco Mundial, com o objetivo de ampliar a representação efetiva da África, Ásia e América Latina. Essa reivindicação ganha força em um contexto de crescente questionamento sobre a legitimidade das instituições multilaterais tradicionais.
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