Depois de 11 anos da primeira absolvição, o delegado aposentado, Ronaldo Antônio Osmar, 65 anos, foi submetido ao 2º júri popular e condenado a 14 anos e três meses de prisão, pelo assassinato do jesuíta espanhol, Vicente Cañas Costa, em 1987.
O júri foi presidido pelo juiz Federal, Paulo Cézar Alves Sodré, nesta quinta-feira (30.11). O réu foi condenado, inicialmente, em regime fechado, porém, seu advogado, Valdir Caldas, disse que vai recorrer da decisão. Ronaldo recorre em liberdade.
O crime aconteceu em 6 de abril de 1987, às margens do Rio Jururena, na localidade denominada "Caixão de Pedra", dentro da Reserva Indígena Salumã, em Juína (a 735 Km de Cuiabá). O primeiro julgamento ocorreu 19 anos depois - e o delegado foi absolvido pelo júri popular, na época, por seis votos a um.
O Ministério Público Federal (MPF), discordou da decisão e recorreu, agora, 30 anos depois do assassinto do missionário, o delegado aposentado é considerado culpado pelo homicídio, também por júri popular. O MPF pediu a condenação do delegado por homicídio duplamente qualificado, por ter intermediado o assassinato. Segundo provas apresentadas pela acusação, o delegado teria acertado a morte do missionário com oito homens que fizeram a emboscada do jesuíta.
Julgamento - Missionário jesuíta, Thomas de Aquino Lisboa, 88 anos, disse ao oticias, que a Justiça foi feita. Segundo ele, era o melhor amigo de Vicente Cañas. Thomas contou à reportagem que vive há 48 anos nas terras indígenas - e vai levar a notícia a sua gente. Confira vídeo
Entenda o caso - Na época, Ronaldo era delegado em Juína e, segundo o MPF, além de ter intermediado a contratação de pistoleiros, atuou na investigação e apontou que os indígenas teriam sido responsáveis pela morte do jesuíta.
Vicente tinha na época 46 anos - e segundo o missionário Thomas de Aquino, foi ele que encontrou os restos mortais do amigo, cerca de 40 dias após o assassinato. O laudo do legista apontou que a vítima teria sido atingida por golpes de faca tipo peixeira e porrete
Posteriormente, as investigações indicaram que o então delegado Ronaldo, à época chefe da Polícia Civil, em Juína - e os fazendeiros da região agiram em conluio, porque estavam bravos com os indígenas Enawenê-Nawê. Os indígenas não queriam intrusos na reserva.
Família e amigos - O julgamento foi acompanhado por familiares e amigos da vítima, alguns, inclusive vieram da Espanha para acompanhar. Eles expuseram objetos, livros e materiais sobre o espanhol Vicente Cañas nas dependências da Justiça Federal.
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