Nos primeiros seis meses de 2025, Mato Grosso já contabilizou 28 casos de feminicídio, um aumento de 31,6% em comparação com o mesmo período de 2024, quando 19 mulheres foram assassinadas. Esses dados foram divulgados pela Secretaria de Estado de Segurança Pública.
Em abril deste ano, em Cuiabá, a adolescente Heloysa Maria de Alencastro Souza, 16 anos, foi encontrada morta em um poço com cerca de nove metros de profundidade, em uma área de mata no bairro Ribeirão do Lipa. O principal suspeito de mandar matar a jovem é o próprio padrasto, Benedito Anunciação Santana, 40 anos, ex-servidor público. Ele teria contado com a ajuda do filho, Gustavo Benedito Júnior, 18 anos, e de dois adolescentes de 16 e 17 anos.
Um levantamento do Observatório Caliandra, ligado ao Ministério Público de Mato Grosso, mostra que entre 2019 e 2025 mais de 400 crianças e adolescentes ficaram órfãos devido ao feminicídio. Só em 2022, foram 92, o maior número registrado nos últimos anos.
A estatística também revelou que a motivação dos crimes está, em sua maioria, ligada ao ciúme, posse e machismo (93 casos). Em seguida aparecem o menosprezo à condição da mulher (66) e crimes ocorridos durante separações (49). Discussões também são apontadas como estopim em 46 registros.
A maioria dos feminicídios foi cometida por companheiros (24) ou namorados (05). Quase todos os casos aconteceram à noite (133) e dentro da casa da própria vítima (135). As armas mais usadas foram objetos cortantes ou perfurantes (161), seguidas por armas de fogo (68).
As cidades com mais registros são: Cuiabá (25 casos), Rondonópolis (20), Sinop (19), Várzea Grande e Sorriso (15 cada).
Entre as vítimas, a maioria era parda (31). A faixa etária mais afetada é de 30 a 34 anos, com 49 casos, seguida por mulheres de 18 a 24 e 35 a 39 anos, com 45 registros cada. Sobre escolaridade, muitos dados ainda são ignorados (30 casos sem informação), mas onde há registro, a maioria possuía ensino fundamental (09).
Como pedir ajuda:
Diante desse cenário, ferramentas de proteção se tornam cada vez mais necessárias. Uma delas é o aplicativo “SOS Mulher MT”, criado para ajudar vítimas de violência doméstica. O app conta com o Botão do Pânico, que permite à vítima pedir socorro quando o agressor descumpre a medida protetiva.
Segundo a Polícia Civil, a busca pela ferramenta aumentou 31% em 2025, com 3.376 downloads. As solicitações de medidas protetivas com o botão também cresceram: foram 2.731 pedidos, alta de 9%.
O Botão do Pânico está ativo em Cuiabá, Várzea Grande, Cáceres e Rondonópolis, mas o app também oferece outros serviços, como contatos de emergência, acesso à Delegacia Virtual e endereços das Delegacias da Mulher em todo o estado. Em caso de emergência, ligue 190 ou 180.
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