Neste sábado (2806) e domingo (29.06) acontece a festa de São Pedro no distrito de Bonsucesso, em Várzea Grande. A 44ª celebração carrega não apenas a tradição cultural, mas também a história, a fé e a devoção de uma comunidade ribeirinha.
O 
entrevistou Meinaldo Leite da Rosa, 74 anos, um dos fundadores da celebração, para entender como a tradicional festa teve início. "A festa começou com a dona Guti chegando, no dia 29 de junho, à beira do rio, onde eu estava pescando, e falando que era o dia de São Pedro. Ela então perguntou se a gente podia fazer alguma coisa", relembrou.
E assim, há 46 anos, no dia 29 de junho de 1979, Augusta Maria Gomes – conhecida popularmente como dona Guti – decidiu que gostaria de celebrar o dia de São Pedro. Ela desceu até o porto, que antes ficava onde atualmente está a igreja, e comentou com seu Meinaldo que realizaria uma reza em homenagem a São Pedro. "Falei para ela que, se encontrasse mais pessoas para ajudar, eu estava pronto para aderir", relembrou seu Meinaldo.
Foi então que dona Guti encontrou Elenir Maria da Silva, conhecida como dona Lini, e seu esposo Benedito, que prontamente aceitaram participar da celebração. Quando os três retornaram à beira do rio, seu Meinaldo e outros pescadores já estavam com 16 peixes escolhidos da pescaria, prontos para serem doados à comemoração.
Os três começaram a preparar os pescados, limpando e retaliando. Na própria beira do rio, assaram os peixes. Por volta do meio-dia, chegou seu Doacir, que costumava comprar peixes dos pescadores. Ao ver a celebração, decidiu doar uma caixa de cerveja e uma grade de refrigerante para a festividade, prometendo que no ano seguinte doaria uma vaca para a comemoração.
Assim, em 1980, a festa contou com a doação da vaca e 300 litros de chope. Para o ano seguinte, 1981, o comprador de peixes prometeu doar outra vaca. No entanto, a festa só foi oficialmente instituída em 1982, quando passou a contar com um festeiro responsável pela organização e com a celebração de uma missa por um padre no dia de São Pedro.
Seu Meinaldo sente muito orgulho de ter feito parte do início do que se tornou a festa mais tradicional da comunidade, embora sinta falta de dona Guti e dona Lini, que já faleceram. "Eu me sinto muito orgulhoso, porque, embora as duas já tenham ido, temos no coração que fizemos alguma coisa protegidos por São Pedro", concluiu.
A festa de São Pedro precisou ser interrompida durante a pandemia, em razão do isolamento social e do risco de contaminação pela Covid-19, mas a missa continuou sendo realizada ao longo dos 42 anos de celebração.
Antonia Ferreira de Magalhães Rosa, 56 anos, cresceu participando da festa e, desde que se entende por gente, ajuda a preparar a celebração. Neste ano, ela é a festeira, e para ela, a festa de São Pedro é mais do que tradição: é memória familiar. Sua felicidade é estar presente em todo o processo.
"Desde a limpeza do peixe até o dia da festa, eu participo de tudo. Tem gente que não gosta, mas a minha felicidade é vir, ajudar na preparação e, no dia, quando chega a hora, festar", contou.
Gislene Kelly de Magalhães, conhecida popularmente como Gika, explicou que a festa é muito mais do que tradição: "Mais do que representar a nossa cultura, é a identidade de um povo, é a nossa história. Então, assim, é tão gratificante a gente ser reconhecido pelas coisas que nossos antepassados deixaram e que a gente tenta levar adiante", concluiu.
São Pedro
São Pedro é considerado o padroeiro dos pescadores, de acordo com a tradição cristã, porque, antes de se tornar apóstolo de Jesus Cristo, era pescador. Segundo a Bíblia, ele também foi o santo responsável por lançar a rede para a chamada “pesca milagrosa”.
Jesus pede a Pedro que jogue suas redes no Mar da Galileia e, apesar de a pesca da noite anterior não ter dado resultado, Pedro obedece. A rede retorna cheia de peixes, a ponto de quase se romper e exigir o auxílio de outros barcos.
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