Um soldado da Polícia Militar foi preso na tarde de quarta-feira (18.06), no Hospital da Polícia Militar, no Tucuruvi, Zona Norte da capital, suspeito de desrespeitar um superior durante atendimento médico. A prisão ocorreu após o soldado se referir ao capitão como "você", segundo boletim de ocorrência.
O policial, identificado como Lucas Neto, estava no hospital como paciente, tratando um deslocamento no ombro. A defesa alega que, por não estar em serviço, ele não se encontrava em condição hierárquica que justificasse a prisão.
O episódio ganhou repercussão após um vídeo ser publicado no Instagram. A gravação denuncia que Lucas foi ao hospital acompanhado da advogada Fernanda Borges de Aquino, por temer, segundo ela, possíveis maus-tratos no atendimento. A advogada teria sido impedida de gravar qualquer áudio ou vídeo.
Diante da negativa, o próprio policial iniciou uma gravação de áudio no celular. O capitão médico Marcelo Cavalcante Costa teria ordenado a interrupção da gravação. Ao questionar a ordem e se referir ao oficial como "você", o soldado recebeu voz de prisão por desrespeito, previsto no artigo 160 do Código Penal Militar.
O caso ganhou novo desdobramento quando a defesa acionou o advogado Mauro Ribas Junior. Ele compareceu ao hospital, ouviu as gravações e deu voz de prisão ao capitão Marcelo por denunciação caluniosa, além de dois tenentes por falso testemunho. Eles teriam endossado a versão do capitão.
O caso foi encaminhado à Corregedoria da Polícia Militar. Em nota, a Secretaria da Segurança Pública (SSP) informou que o soldado foi preso em flagrante e levado ao Presídio Militar Romão Gomes. A corporação abriu um Inquérito Policial Militar (IPM) para apurar as circunstâncias.
O artigo 160 do Código Penal Militar tipifica como crime "desrespeitar superior diante de outro militar", com pena de três meses a um ano de detenção, salvo se configurado crime mais grave.
Na manhã desta quinta-feira (19), o soldado foi solto após audiência de custódia, segundo a Polícia Militar.
Mauro Ribas Junior, advogado que assumiu a defesa, é ex-policial militar. Ele foi expulso da corporação após ser condenado a 33 anos de prisão por duplo homicídio em 2010. Posteriormente, a condenação foi anulada na Justiça, mas Ribas não retornou à PM. Atualmente, atua na defesa de policiais envolvidos em processos criminais. (Com informações do G1)
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