O preço do leite pago ao produtor registrou nova queda em maio de 2025, com recuo de 3,9% em relação a abril, segundo levantamento do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea/Esalq-USP). A retração confirma uma tendência de desvalorização iniciada nos últimos meses.
Na média entre os principais estados produtores – incluindo Minas Gerais, Bahia, Goiás, São Paulo, Paraná, Rio Grande do Sul e Santa Catarina – o litro do leite foi negociado a R$ 2,6431 em maio, valor também 7,4% menor na comparação com o mesmo mês do ano passado.
Segundo os pesquisadores do Cepea, o principal fator por trás da baixa é o aumento da oferta de leite cru no campo, resultado de investimentos dos produtores e da queda nos custos com insumos nutricionais para o rebanho. O Custo Operacional Efetivo (COE) caiu 0,72% no mês, facilitando a produção.
Além disso, o Índice de Captação de Leite subiu 1,13% entre abril e maio, superando médias históricas de anos anteriores. O crescimento da produção, no entanto, não foi acompanhado por igual aumento na demanda por derivados lácteos, o que acabou pressionando os preços pagos ao produtor.
Indústrias enfrentam dificuldade para escoar estoques
Com o aumento da produção e consumo desaquecido, as indústrias de laticínios têm enfrentado dificuldades para comercializar estoques, conforme aponta o Cepea. A menor procura por lácteos também fez cair os preços no atacado de leite UHT, muçarela e leite em pó, reduzindo a margem de lucro do setor.
Mesmo com um aumento de 59% nas exportações de derivados entre abril e maio, a balança comercial de lácteos segue deficitária, com um volume negativo de 169,4 milhões de litros em equivalente leite – 7,1% maior que no mês anterior.
Alta no início do ano foi puxada por seca e concorrência
O cenário de queda atual contrasta com os primeiros meses de 2025, quando o leite apresentou quatro meses seguidos de alta nos preços. Em janeiro e fevereiro, por exemplo, os valores subiram 3,3%, impulsionados pela seca em várias bacias leiteiras e forte competição entre indústrias pela matéria-prima.
Em fevereiro, o litro chegou a ser negociado, em média, a R$ 2,77, uma alta de 18,1% em termos reais na comparação com o mesmo período de 2024, quando corrigido pelo IPCA.
Agora, com o retorno da estabilidade climática e aumento na produção, os preços voltam a cair – tendência que deve seguir enquanto a demanda interna continuar fraca.
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