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Variedades Quinta-feira, 29 de Abril de 2021, 09:26 - A | A

Quinta-feira, 29 de Abril de 2021, 09h:26 - A | A

A cara do ‘freio da Blazer’

Rapper L7NNON fala de racismo e desabafa após levar ‘dura’ da polícia: ‘Me cansa’

“Eu acho até engraçado, né? Teve uma vez, deve ter uns 3 ou 4 dias, que eu parei e fui descer do carro. Um policial virou para o outro e falou: ‘Vocês param esse moleque todo dia, deixa o cara ir embora’”, contou L7NNON

G1 Rio

Arquivo Pessoal

L7 rapper

L7NNON aguarda revista policial em seu carro no Rio.

 

Seguidores do rapper carioca L7NNON têm visto uma cena recorrente em suas redes sociais: ele levando 'uma dura' da Polícia Militar. Em entrevista ao G1, L7nnon disse que está cansado de ser parado diariamente e afirmou que seu carro foi revistado em todas as blitzes que passou em 2021.

O músico tem costume de sempre mostrar as abordagens para seus fãs.

“Isso me cansa. Não é uma vez ou outra. Se eu passar em 10 blitzes no mesmo dia, eu vou ser parado nas 10 blitzes. Ou seja, isso é cansativo para mim. É cansativo para quem vê nas minhas redes, mas imagina para mim?”, afirmou o cantor.

O rapper disse não saber mais o que fazer após ser abordado novamente na última segunda-feira (26). Ele voltava do surfe quando foi parado por uma equipe da PM na Avenida Niemeyer, Zona Sul do Rio.

“Este ano, não teve nenhuma blitz que eu passei e o policial olhou e falou ‘pode ir lá’. Nenhuma vez aconteceu isso. Eu já nem sei o que fazer. Se deixar o vidro aberto, vou ser parado. Se fechar o vidro, vou ser parado. Se eu ligar a luz, vou ser parado. Eu sempre facilito, abaixo os quatro vidros, ligo a luz, dou boa noite, bom dia e boa tarde. Mas nunca funciona”, contou o rapper.

As abordagens são tão frequentes que alguns policiais já o reconhecem. Em um dos episódios, o policial chegou a dizer que conhecia suas músicas.

“Eu acho até engraçado, né? Teve uma vez, deve ter uns 3 ou 4 dias, que eu parei e fui descer do carro. Um policial virou para o outro e falou: ‘Vocês param esse moleque todo dia, deixa o cara ir embora’”, contou L7NNON ao G1.

“Sempre a mesma coisa. Ele sempre pergunta o que eu faço, onde eu moro, para onde eu estou indo e no final, quando terminou de revistar o carro todo, ele falou ‘eu te conheço, conheço suas músicas, sucesso lá’. Eu falei ‘valeu’”, completou o cantor.

A cara do ‘freio da Blazer’

Influenciado pelas constantes “duras” da Polícia Militar, o cantor escreveu a música “Freio da Blazer”. Ele explicou ao G1 que a música fala sobre o estereótipo de quem é abordado pelos agentes de segurança.

“A Blazer era o carro que era da polícia há um tempo, tem uns anos. É uma expressão do tipo ‘você tem a cara de quem a polícia para’. Quando eu falo da cara do freio da Blazer, não estou falando do Lennon. Eu estou falando de todo mundo que tem esse estereótipo. Eu não passo despercebido nunca, eu sempre sou parado”, explicou.

“Eu posso alcançar o patamar que seja. Posso ganhar Grammy, Oscar, Nobel. Independente disso tudo, eu vou continuar sendo a cara do freio da Blazer, continuar sendo parado e continuar tendo que provar que eu conquistei isso tudo”, completou.
Apesar da situação, L7NNON diz que tenta levar a vida de forma tranquila e sempre faz questão de explicar que não fuma e não consome bebida alcoólica.

“Ele [policial] nunca acha nada porque eu não fumo e eu não bebo também. Ou seja, eu não vou estar bêbado e não vai ter droga ou arma dentro do carro. (...) Muitas vezes eles perguntam de quem é o carro, em que nome está o carro. É só ele abrir o documento que vai ver que está no meu nome”.

Recorde de crimes de preconceito no RJ

Um levantamento do Instituto de Segurança Pública do Rio (ISP/RJ), obtido pelo G1 com exclusividade pela Lei de Acesso a Informação (LAI), aponta que o RJ teve recorde no número de crimes de preconceito em 2020.

O estado contabilizou 131 crimes de preconceito de raça, cor, etnia, religião ou procedência nacional no último ano. Este é o maior índice registrado nos últimos sete anos.

Só nos dois primeiros meses de 2021, foram feitas 32 notificações pela polícia do RJ.

A infração é prevista no artigo 1º da Lei 7.716.

Referência de Racionais e ‘combo do preconceito'

Em seu último aniversário, o cantor compartilhou no Instagram uma foto com a seguinte legenda: “Qualquer 27 anos contrariando estatísticas”.

A frase tem como referência a música “Capítulo 4 Versículo 3”, dos Racionais MCs. Eles abordam o racismo nas letras das canções.

L7NNON – que é cria de Realengo, na Zona Oeste do Rio - explicou que pessoas pobres contrariam as estatísticas quando fazem sucesso. O músico ainda disse ao G1 que existe o “combo do preconceito”.

“O preconceito racial é muito forte no nosso país. E tem o preconceito de classe também. Se tu é pobre, se você é favelado, você sofre o preconceito também. Se você é preto, pobre e favelado, você vai sentir o combo do preconceito. Não tem como dizer que não tem. Se você andar na rua de olho fechado, você vai ouvir o preconceito e o racismo o tempo inteiro”, disse.

“Por que toda vez eu tenho que provar que o carro que eu tenho é o meu carro? Que o dinheiro que está dentro do meu carro é o meu dinheiro? O dinheiro que eu conquistei e trabalhei para ter aquilo (...) Sendo que tem outras pessoas que passam por ali e eles não vão nem duvidar que aquilo é daquela pessoa”, completou.

O que diz a Polícia Militar

Procurada pelo G1, a Polícia Militar informou que as "abordagens policiais fazem parte das rotinas de patrulhamento da corporação".

Ainda de acordo com a polícia, as blitzes são realizadas "de forma dinâmica, com vistas a coibir ações de criminosos, conforme análise das manchas criminais".

Reprodução/Instagram

L7 rapper

L7NNON cantor.

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