Ao comemorar o prêmio de Melhor Curta Documental no Festival de Curtas de Cannes, na França, a indígena guatemalteca Lucía Ixchiú ofereceu o prêmio à jornalista e ativista dos direitos humanos, Marielle Ramires: “Dedico o prêmio a Marielle”. Em outro post, disse: “Obrigada Marielle, seguimos por você”.
Esta é mais uma homenagem In Memorian que a cuiabana tem recebido, desde sua partida, em 29 de abril, depois de enfrentar uma luta contra o câncer. Marielle é reconhecida nacional e internacionalmente por sua defesa dos movimentos sociais, da cultura, comunicação e das pautas socioambientais, além da defesa direta dos direitos dos povos indígenas e tradicionais. As manifestações de pesar partem de todas as esferas, como do Governo Federal, via Ministérios da Cultura, Meio Ambiente e dos Povos Indígenas, e movimentos sociais, artistas de grande expressão nacional, como Caetano Veloso e autoridades políticas da esfera estadual.
Na sessão desta quarta-feira (14), por exemplo, o deputado Lúdio Cabral reforçou na tribuna que é preciso celebrar sua trajetória. “Perdemos uma lutadora cuiabana, Marielle Ramires, militante desde a juventude, que ajudou ainda no início da década de 10, a fundar a Mídia Ninja. Nascida e criada em Cuiabá. No seu velório, mobilização maciça, inclusive de comunidades internacionais, de indígenas, até da Guatemala, mostrou o quanto Marielle foi importante para a luta”.
Ainda em suas homenagens, Lucía também destacou a importância do legado da ativista cuiabana. “A Mídia Ninja faz parte da minha jornada na comunicação. São meus professores”. São vários os relatos do impacto dos encontros de quem teve a oportunidade de conviver com Marielle. Ela nasceu em 5 de junho de 1980, no dia do Meio Ambiente. Formou-se em Jornalismo pela Universidade Federal de Mato Grosso, e além da Mídia Ninja é cofundadora do Fora do Eixo, coordenadora executiva da Casa Ninja Amazônia e idealizadora do movimento Clímax.Now. Em 2023, conectando pessoas e iniciativas, circulou por sete dos nove estados da Amazônia Legal, a começar por Mato Grosso, com a Casa Ninja Amazônia Tour.
Seu feito mais recente foi a criação colaborativa do evento internacional People´s For Forests, que promoverá o encontro de 90 ativistas do mundo todo, entre os dias 20 e 22 de maio, em Chaussy, na França. “Um encontro que se propõe a pensar cura e caminhos de soluções diante das crises tão profundas que marcam nosso tempo”, disse ela, à ocasião do lançamento do evento. “A saída segue sendo coletiva”.
Filme premiado
A Mídia Ninja realiza cobertura in loco, do 78º Festival de Cannes, que ocorre até o dia 21 de maio. A equipe acompanhou a divulgação do prêmio a Lucía Ixchiú. O documentário, com duração de cinco minutos, foi produzido no México em 2024.
Ele retrata a trajetória de Lucía, uma mulher indígena K’iche forçada ao exílio devido à violência vivida em seu país natal, a Guatemala. Após mais de uma década de ativismo por meio da arte e da comunicação comunitária, Lucía decidiu documentar sua jornada de deslocamento e resistência, vivendo atualmente em diferentes países. “Uq Axik B’e: Atravesar Caminhos” é um testemunho poderoso da luta de Lucía Ixchiú e de muitos outros que enfrentam desafios semelhantes em busca de justiça e dignidade.
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