O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) criticou duramente o ex-presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, em entrevista ao jornal The New York Times publicada nesta quarta-feira (30.07). O motivo foi o anúncio de uma tarifa de 50% sobre produtos brasileiros, caso o governo do Brasil não suspendesse as investigações contra o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).
Segundo Lula, a postura de Trump “foge a todo o padrão de diplomacia e negociação que se conhece no mundo” e configura uma afronta à soberania nacional.
“Talvez ele não saiba que, aqui no Brasil, a Justiça é independente do Poder Executivo e do Legislativo. Eu não comento decisões da Suprema Corte. Quando ela decide, a gente cumpre”, afirmou o presidente.
Lula afirmou que a entrevista teve o objetivo de esclarecer sua frustração com o comportamento do líder republicano, que ignorou tentativas de diálogo e adotou medidas unilaterais contra o Brasil.
“É lamentável. Quando você tem uma divergência comercial ou política, pega o telefone, marca uma audiência ou conversa por telefone e tenta resolver o problema”, acrescentou.
De acordo com a reportagem, o impasse entre os dois países se agravou após o avanço das investigações contra Bolsonaro, acusado de conspirar para se manter no poder mesmo após a derrota nas eleições de 2022. Uma das acusações mais graves envolve a suspeita de que o ex-presidente sabia de um plano para assassinar Lula, o vice-presidente Geraldo Alckmin (PSB) e o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Alexandre de Moraes. Bolsonaro nega qualquer envolvimento e afirma ter buscado apenas “meios dentro da Constituição” para impedir a posse do petista.
Em 9 de julho, Trump enviou uma carta a Lula ameaçando aplicar tarifas de 50% sobre produtos brasileiros a partir de agosto, caso as acusações contra Bolsonaro não fossem retiradas. A medida faz parte de um conjunto de ações unilaterais da atual gestão dos EUA, que desde fevereiro impôs tarifas sobre diversos países e setores, incluindo China, México e Canadá.
Apesar de um acordo provisório com a China em maio, que suspendeu tarifas por 90 dias, Trump manteve a ameaça ao Brasil, pressionando Lula a interferir nas decisões da Justiça — algo que o presidente brasileiro classificou como inegociável.
“Em nenhum momento o Brasil irá negociar como se fosse um país pequeno diante de um país grande. O processo tem que transcorrer livremente, sem intromissão política”, declarou Lula.
O New York Times destaca na reportagem que o caso Bolsonaro é “fundamental para a democracia brasileira”.
No dia da divulgação da entrevista, Donald Trump assinou um decreto que estabelece uma tarifa extra de 40% sobre produtos brasileiros, elevando o total para 50%. A decisão confirma o índice antecipado na carta enviada a Lula no início do mês.
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