A juíza da Sétima Vara Criminal de Cuiabá, Selma Rosane Santos Arruda, ouve nesta quinta-feira (27.07) o depoimento do ex-secretário de Estado de Planejamento, Arnaldo Alves, e do empresário Valdir Piran, referente à ação penal que eles respondem por supostamente participarem do esquema que desviou mais de R$ 15,8 milhões dos cofres públicos do Estado por meio da desapropriação fraudulenta de um imóvel localizado na Capital.
O Ministério Público Estadual (MPE) denunciou eles e outras pessoas, entre eles o ex-governador Silval Barbosa (PMDB), por fazerem parte de uma suposta organização criminosa que recebeu vantagem indevida no valor de R$ 15.857.125,50, por meio da desapropriação de um imóvel que corresponde ao bairro Jardim Liberdade, em Cuiabá, paga em 2014 na gestão do peemedebista.
A denúncia aponta que Silval autorizou o pagamento de R$ 31,7 milhões pela área, sendo que R$ 15,8 milhões teriam retornado pela suposta organização criminosa chefiada pelo ex-governador, através de uma empresa de assessoria e organização de eventos.
Conforme depoimento do ex-secretário Pedro Nadaf, que também é réu na ação, dos R$ 15,8 milhões que retornaram, R$ 10 milhões ficou com o ex-governador para pagamento de uma dívida com empresário Valdir Piran (que também é réu no processo). Já o restante teria sido dividido entre os demais participantes, no caso, ele (Nadaf), os ex-secretários Marcel de Cursi, Arnaldo Alves de Souza Neto, Afonso Dalberto e Chico Lima (todos réus no processo).
Além deles ainda respondem ao processo: o ex-chefe de gabinete de Silval Barbosa, Silvio Cezar Corrêa Araújo; os empresários Antônio Rodrigues Carvalho e Alan Malouf; e o ex-presidente da Companhia Mato-grossense de Mineração (Metamat), João Justino Paes de Barros.
O primeiro a ser interrogado é Arnaldo Alves.
Atualizada às 14h25 - O ex-gestor diz que sempre participou de questões técnicas no governo do Estado e que não participou de organização criminosa como vem sendo noticiado na imprensa. "Fico chateado ao falar que participei de organização criminosa" declarou Alves, esboçando um choro.
Arnaldo disse que Pedro Nadaf o procurou para resolver as questões orçamentárias para o pagamento de indenização da desapropriação da área do Jardim Liberdade, e que discorreu que eles receberiam um dinheiro para efetuar a "operação".
"Ele me disse que o negócio era para pagar um dívida de campanha de Silval. Desse negócio recebi um dinheiro e que emprestei ao Alan Malouf", relatou ao falar do empréstimo de R$ 607 mil a Malouf - dinheiro oriundo a propina.
O ex-secretário afirma que emprestou o dinheiro recebido da propina porque o valor "ficaria parado". "Eu na época até achei que recebi o valor por merecimento. Achei que era um prêmio", informando que Silval tinha prometido ajudá-lo em 2012, quando o mesmo realizou uma cirurgia, porém, a ajuda não foi concedida. Nesse momento ele volta a se emocionar.
Alves relata que quando foi preso não entendeu nada. "Isso foi ruim para mim. Não precisava de nada disso. Sobre o dinheiro, eu emprestei para o Alan porque ele era meu amigo".
Atualizada às 14h30 - O ex-secretário se nega a responder as perguntas do Ministério Público Estadual no depoimento. A promotora Ana Bardusco faz leitura das perguntas ao ex-gestor.
Atualizada às 14h45 - No depoimento, ele relata que entrou no governo do Estado em 1997 desenvolvendo um programa ProdAgua, e que logo após isso em 2002 foi chamado por Yenes Magalhães - então secretário de Planejamento - , e que em seguida foi trabalhar como secretário de Infraestrutura e de Planejamento no governo de Silval.
Alves contou que quando assumiu a Secretaria de Estado de Infraestrutura criou "inimizade" com vários veículos de comunicação, com deputados estaduais e federais. "Eles queriam que fizesse obras de infraestrutura sendo que não tinha orçamento. Não tinha como fazer sem recurso".
Atualizada às 15h00 - Arnaldo conta que era amigo do empresário Alan Malouf, e que em 2014 encontrou Malouf no Palácio Paiguais, e que nesse dia ficou sabendo que Silval tinha uma dívida de R$ 1 milhão relacionado ao serviço de buffet prestado na cerimônia de posse de Silval.
Alves relata que não conhecia e nem nunca recebeu dinheiro do empresário Filinto Muller, e que o processo de indenização da desapropriação foi tratado somente com Pedro Nadaf. "Eu recebi dinheiro somente do Nadaf".
Atualizada às 15h10 - Sobre o dinheiro da propina, o ex-secretário disse que guardou em um armário dentro do seu gabinete na Secretaria de Planejamento, e que no dia que Malouf foi cobrar Silval, ele (Alves) emprestou o dinheiro ao empresário. "Emprestei porque era meu amigo. Não tentei ocultar nada como diz na denúncia".
No depoimento, negou saber das ameaças do ex-chefe de gabinete de Silval, Silvio César Correa, e dos negócios envolvendo a empresa Consignum. O ex-gestor nega ter conversado com Chico Lima sobre a desapropriação e que não soube, na época, quem mais recebeu o dinheiro de propina relacionado ao negócio ilícito.
Atualizada às 15h14 - Encerra depoimento de Arnaldo Alves.
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