Em sua sexta manifestação desde que deixou a Presidência, o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) reuniu neste domingo (29.06) cerca de 12,4 mil pessoas na avenida Paulista, em São Paulo, para o ato "Justiça Já" - o menor público de seus protestos no período. Do trio elétrico, Bolsonaro responsabilizou a esquerda pelos atos golpistas de 8 de janeiro de 2023 e minimizou o processo que o tornou réu no Supremo Tribunal Federal (STF) por tentativa de golpe de Estado.
"Me processam por uma fumaça de golpe. Que golpe é esse que até hoje o Mossad não está sabendo nada sobre ele?", questionou o ex-presidente, provocando aplausos da multidão que ocupava a região em frente ao Masp.
Bolsonaro classificou os eventos de 8 de janeiro como "um movimento mais do que claro orquestrado pela esquerda", repetindo teoria já defendida anteriormente. Segundo o ex-presidente, "Lula não estava em Brasília. No dia anterior, foi para Araraquara, porque sabia o que iria acontecer. Tanto que as imagens de quase 200 câmeras sumiram".
O ex-mandatário questionou a caracterização dos atos como tentativa de golpe armado: "Que arma foi apreendida? Busquem as polícias legislativas da Câmara e do Senado. Nenhuma arma foi apreendida além de um estilingue e umas bolinhas de gude".
Inelegível até 2030, Bolsonaro concentrou seu discurso na importância de eleger aliados para o Legislativo. "Se me derem, por ocasião da eleição do ano que vem, 50% da Câmara e 50% do Senado, eu mudo o destino do Brasil", declarou, sugerindo que o controle parlamentar seria mais importante que a própria Presidência.
"Inclusive, não interessa onde eu esteja, aqui ou no além. Quem estiver na liderança vai mandar mais que o presidente da República", completou, sinalizando sua estratégia de manter influência política mesmo sem ocupar o Palácio do Planalto.
Manifestação perde força
A estimativa de 12,4 mil pessoas, feita pelo Monitor do Debate Político do Centro Brasileiro de Análise e Planejamento (Cebrap) - instituição ligada à USP - representa queda significativa em relação aos atos anteriores. Em 6 de abril, na manifestação em defesa da anistia aos envolvidos no 8 de janeiro, o mesmo monitor contou 44,9 mil pessoas.
O ato contou com a presença de quatro governadores: Tarcísio de Freitas (Republicanos-SP), Romeu Zema (Novo-MG), Jorginho Mello (PL-SC) e Cláudio Castro (PL-RJ), além de parlamentares e dirigentes do PL.
Defesa de aliados investigados
O deputado Sóstenes Cavalcante (PL-RJ) pediu aplausos para a deputada licenciada Carla Zambelli, o ex-deputado Daniel Silveira e o general Braga Netto, todos envolvidos em investigações relacionadas aos atos antidemocráticos.
O senador Marcos Rogério (PL-RO) criticou o processo judicial: "Querem acusar um homem sem crimes, querem condenar um presidente inocente", ecoando a narrativa de perseguição política defendida pelo bolsonarismo.
A manifestação, organizada pelo pastor Silas Malafaia em parceria com Bolsonaro, marca mais um capítulo da estratégia de mobilização da base bolsonarista contra as decisões do STF, enquanto o ex-presidente enfrenta o julgamento que pode resultar em até 43 anos de prisão pelos crimes pelos quais é acusado.
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