Quatro das maiores montadoras instaladas no Brasil — Volkswagen, Toyota, General Motors e Stellantis — enviaram uma carta ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) para alertar sobre os riscos de uma nova medida prestes a ser adotada pelo Governo Federal. Segundo elas, o incentivo à importação de veículos desmontados, produzidos 100% no exterior, pode prejudicar gravemente a indústria nacional, gerar desemprego e provocar desequilíbrios econômicos.
A carta foi enviada no dia 15 de julho e assinada pelos presidentes das quatro empresas. No texto, as montadoras afirmam que o setor automotivo representa 2,5% do Produto Interno Bruto (PIB) do país, gera 1,3 milhão de empregos diretos e indiretos, e movimenta cerca de US$ 74,7 bilhões por ano. Somente nos próximos anos, estão previstos R$ 180 bilhões em investimentos no Brasil, incluindo novas fábricas, tecnologias e produção de veículos mais sustentáveis.
O receio das empresas é que, ao permitir que carros desmontados sejam trazidos do exterior para serem apenas montados no país, o governo incentive um modelo que enfraquece a produção local. “Essa prática, ao contrário do que dizem, não é uma transição para uma nova industrialização, mas sim um retrocesso que pode se consolidar como padrão, com menos empregos e menos valor agregado no Brasil”, dizem os executivos.
A proposta, que estaria sendo coordenada pela Casa Civil sob liderança do ministro Rui Costa (PT), busca estimular a produção de carros mais baratos, mas com peças 100% estrangeiras. Para as montadoras, isso pode desequilibrar o setor, abrir brecha para concorrência desleal e afetar toda a cadeia de fornecedores, principalmente o setor de autopeças.
“Eliminando etapas da produção nacional, estaremos importando também desemprego e aumentando nossa dependência tecnológica”, alertam os empresários.
As montadoras pedem que o presidente Lula vete qualquer tipo de privilégio às montagens com peças vindas de fora, para preservar os empregos e a competitividade das fábricas que produzem no Brasil.
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