Apesar da tendência nacional de queda no número de adolescentes internados por atos infracionais, o Estado de Mato Grosso registrou, em 2024, um crescimento de 30,6% nas internações, conforme dados do 19º Anuário Brasileiro de Segurança Pública.
Segundo o secretário de Segurança Pública do Estado, coronel César Augusto Roveri, o aumento está diretamente relacionado à ampliação da capacidade do sistema socioeducativo. Com a abertura de novas unidades e a expansão de vagas, adolescentes que aguardavam análise da Justiça puderam, finalmente, ser internados.
“Estavam represadas. Então, abrimos uma nova unidade em Barra do Garças, outra em Sinop, no Médio-Norte, e estamos praticamente dobrando as vagas no Complexo Pomeri, em Cuiabá”, explicou Roveri.
Conforme o secretário, a limitação anterior de vagas dificultava que o Poder Judiciário aplicasse medidas de internação, mesmo quando consideradas necessárias. “Agora, os juízos podem, sim, determinar a internação, porque há vagas para acolher esses adolescentes”, completou.
Enquanto o Brasil apresentou redução de 56,2% nas internações entre 2015 e 2023 — passando de 26.868 para 11.757 adolescentes privados de liberdade — Mato Grosso seguiu na contramão. Segundo o anuário, o Estado abriga atualmente 147 adolescentes internados, sendo que 33,3% ainda aguardam julgamento.
Outro dado que chama a atenção é o perfil dos jovens em cumprimento de medida: 65,3% têm entre 16 e 17 anos, e 82,3% são negros ou pardos. Especialistas apontam que o aumento também reflete a ausência de políticas eficazes de reintegração, como projetos de qualificação profissional, atendimento psicossocial e acompanhamento familiar estruturado.
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