Um ano após o incêndio que destruiu mais as lojas no Shopping Popular de Cuiabá e afetou cerca de 600 associados, lojistas relembram com dor o dia em que viram anos de trabalho virarem cinzas. Apesar dos prejuízos milionários, a reconstrução segue avançando e os comerciantes mantêm a esperança de recomeçar com a entrega do novo espaço prevista para abril de 2026.
O foi na tarde desta terça-feira (15.07) até as instalações provisórias do Shopping Popuar conversar com alguns lojistas para saber como eles estão um anos após o incêndio que destruiu 80% do prédio e afetou os trabalhadores do local.
Antonia Gomes relembrou a data que destruiu 17 anos de trabalho. Ela contou que, no dia do incêndio, estava em sua chácara quando recebeu uma ligação avisando sobre o incêndio no shopping. Ao chegar ao local, tudo já havia sido consumido pelas chamas e os seus materiais, feitos de prata e ouro, não foram recuperados.
“Minha loja era no segundo piso e caiu embaixo, virou só montoeira mesmo, não encontrei nada dos meus produtos. Achei que iria encontrar as matérias-primas derretidas, mas não foi possível localizar nada”, lamentou.
A reestruturação foi marcada por muitas dificuldades, a montagem dos boxes nas tendas, falta de energia e pouca ajuda externa ocasionou na queda no número de clientes.
Ao ela relatou que o seu prejuízo foi cerca de R$ 600 mil e afirmou que um ano depois, ainda não conseguiu recuperar nem metade.
Mesmo assim, Antonia continua firme apenas para manter contato com os clientes e se diz esperançosa com a construção do novo shopping, que pode representar um recomeço.
Lediane da Silva, conhecida como Leda, é dona de uma loja de óculos no box 108 do Shopping Popular. Um ano após o incêndio que destruiu o local, ela relembrou os momentos que antecederam o incêndio.
“Eu lembro que nessa noite eu não conseguia dormir, estava sem sono, porque eu já estava pilhada como ia ser a segunda-feira. Então estava difícil para dormir. Aí às três e pouco da madrugada, uma vizinha minha ligou e falou, ‘Lê, o shopping tá pegando fogo’. Eu fiquei sem acreditar, achei que era mentira”, relembrou. “Na hora, eu não sabia o que fazer”, disse.
Apesar de todas as dificuldades, a comerciante destacou a solidariedade de familiares, amigos e clientes, além de doações como a estrutura improvisada para as barracas.
Ela também relatou os desafios após o retorno ao espaço provisório, que não oferece o conforto do antigo shopping e ainda sofreu com alagamentos, mas também destaca o fato do incêndio não ter causado nenhuma morte.
"Hoje para mim é um motivo de muita alegria, porque foi um ano de superação, de muita luta, a gente correu atrás e hoje eu tô muito feliz porque a gente tá bem, a gente tem vida, né? Ninguém morreu, graças a Deus", concluiu Leidiane.
Apesar das adversidades e dificuldades, houve lojistas que também conseguiram expandir o seu negócio e se reerguer neste um ano, como foi o caso do Pedro Henrique.
"Até pensamos em desistir várias vezes, mas essa galera que deu força para a gente continuar", relatou.
Mesmo com perdas significativas, o lojista contou que ele e sua equipe conseguiram até mesmo aumentar a clientela.
O também conversou com o presidente da Associação dos Camelôs do Shopping Popular, Misael Galvão, afirmou que o dia 15 de julho é uma lembrança dolorosa, mas também representa resiliência.
Após o início das obras de reconstrução em novembro do ano passado, 85% dos boxes já estão reativados em estrutura provisória com contêineres climatizados, enquanto a obra definitiva está com 85% do pré-moldado pronto e previsão de entrega para abril de 2026.
O novo prédio contará com cinco elevadores, escadas rolantes, estrutura reforçada de concreto e sistema moderno de prevenção contra incêndios, desenvolvido em parceria com o Corpo de Bombeiros.
A expectativa é que, com a finalização da permuta do terreno com a prefeitura, os boxes possam finalmente ser segurados, algo que não era possível por se tratar de área pública. Para Misael, o novo Shopping Popular será devolvido à sociedade “ainda mais forte e seguro”.
Relembre o incêndio
Há um ano atrás, exatamente na madrugada do dia 15 de julho, um incêndio consumiu as paredes do shopping popular, em Cuiabá.
Conforme informações, o fogo teria começado por volta das 3h da madrugada, após um curto-circuito em um dos boxes, se alastrou rapidamente e consumiu dezenas de lojas causando prejuízos, destruindo sonhos e fontes de renda de diversas famílias. Os bombeiros foram mobilizados, mas só chegaram ao local por volta das 6h, a estrutura do prédio ficou impossível de ser recuperada.
Ao todo, cerca de 600 associados tiveram suas lojas destruídas e 80% da estrutura do empreendimento foi completamente danificada. Mais de 3.000 pessoas trabalhavam no local.
Em novembro do ano passado, foi anunciado a reconstrução do shopping e a realocação dos lojistas que até então estavam nas ruas do centro de Cuiabá.
Em dezembro, o Corpo de Bombeiros notificou a Associação dos Camelôs do Shopping Popular devido à ausência de Alvará de Segurança Contra Incêndio e Pânico (ASCIP).
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